Visitas (in)esperadas
Esta semana chegaram duas visitas para uma estada demorada. Eu sabia que elas viriam mas não deixam de me causar surpresa sempre que assumem à minha porta, nunca marcam o dia exacto de vinda nem de partida, essa incerteza é a arma do poder que têm sobre mim. No entanto, eu não me recuso nunca a recebê-las, recebo-as calorosamente, com abraços profundos, dou-lhes os meus tempos mais preciosos, confidencio-lhes os meus maiores e mais profundos segredos, acolho-as no meu colo e leito, levo-as a passear por locais tão raros, de tal forma que quando já se sentem completamente satisfeitas partem quase abruptamente, nunca sem antes prometerem voltar, promessa a nunca faltam, isso é certo e sabido.
O seu efeito sobre mim é sempre notório. Com elas e por elas vou ao mais fundo de mim, aos jardins mais secretos, com flores raras e vistosas nalguns cantos, com flores murchas e ressequidas noutros, e ainda cantos secretos que terei de descobrir ou preparar para ai poderem florescer outras flores que desconheço. A tristeza leva-me aos lugares mais sombrios e húmidos, onde pairam as palavras mais ambíguas, as menos promissoras ... A nostalgia conduz-me aos cantos de flores raras e vistosas onde raios de sol as envolvem num abraço protector, seguidamente leva-me aos cantos abandonados, onde a água escasseia (por ser um liquido precioso e raro que se extrai do dar de mãos, da húmidade dos lábios e corpos em união). Assim, num misto de vislumbre e dor fico num cansaço só reposto por um longo descanso no banco do “encontro das mais belas cores do meu interior”.
Por estes dias não posso deixar que a minha alma seja tocada por mãos e palavras que não exprimam doçura, candura e sabedoria altruísta, pois a sua sensibilidade e estado de busca fá-la ficar susceptível de arranhões fundos e de difícil cicatrização.
O esforço feito pelas caminhadas profundas, numa procura de se robustecer e ganhar novas cores, deixa-a temporariamente exausta. Exaustão que recupera tão mais rápido quanto convive com braços que afagam, escuta palavras que embalam, cheira odores que acalmam e vê cores que inspiram. Dai a sua (minha) sede de acalentos quase mágicos e, por vezes, raros; o que torna a busca ainda mais intensa e significativa, assim como preciosa. Parecemos (ela e eu, sem distinções, nem confusões) velhos garimpeiros a explorarem o faroeste, indivíduos esperançosos e dedicados, também em extinção nos tempos que decorrem; no vislumbre daquilo que lhe trará a felicidade, o brilho do precioso metal torna-se equivalente ao brilho de um olhar mais eloquente, de um rosto sereno e sábio, de um sorriso compreensivo, de gestos de companheirismo e cumplicidade e de um estado de crescimento pessoal cada vez mais susceptível de ‘ver para além de”.
São visitas insubstituíveis e com que conto sempre, até que o meu último sopro ‘contamine’ aqueles que me rodeiam e respiram, com uma última esperança de partilha e continuidade.
Quem seria eu sem as minhas mais devotas amigas tristeza e nostalgia? Impossível imaginar-me e refazer-me, sou com elas e através delas, entre tantas outras visitas que me envolvem, revolvem e devolvem.
Até breve queridas amigas, vão dando notícias como só vocês sabem. Eu cá vos espero paciente e esforçadamente.
O seu efeito sobre mim é sempre notório. Com elas e por elas vou ao mais fundo de mim, aos jardins mais secretos, com flores raras e vistosas nalguns cantos, com flores murchas e ressequidas noutros, e ainda cantos secretos que terei de descobrir ou preparar para ai poderem florescer outras flores que desconheço. A tristeza leva-me aos lugares mais sombrios e húmidos, onde pairam as palavras mais ambíguas, as menos promissoras ... A nostalgia conduz-me aos cantos de flores raras e vistosas onde raios de sol as envolvem num abraço protector, seguidamente leva-me aos cantos abandonados, onde a água escasseia (por ser um liquido precioso e raro que se extrai do dar de mãos, da húmidade dos lábios e corpos em união). Assim, num misto de vislumbre e dor fico num cansaço só reposto por um longo descanso no banco do “encontro das mais belas cores do meu interior”.
Por estes dias não posso deixar que a minha alma seja tocada por mãos e palavras que não exprimam doçura, candura e sabedoria altruísta, pois a sua sensibilidade e estado de busca fá-la ficar susceptível de arranhões fundos e de difícil cicatrização.
O esforço feito pelas caminhadas profundas, numa procura de se robustecer e ganhar novas cores, deixa-a temporariamente exausta. Exaustão que recupera tão mais rápido quanto convive com braços que afagam, escuta palavras que embalam, cheira odores que acalmam e vê cores que inspiram. Dai a sua (minha) sede de acalentos quase mágicos e, por vezes, raros; o que torna a busca ainda mais intensa e significativa, assim como preciosa. Parecemos (ela e eu, sem distinções, nem confusões) velhos garimpeiros a explorarem o faroeste, indivíduos esperançosos e dedicados, também em extinção nos tempos que decorrem; no vislumbre daquilo que lhe trará a felicidade, o brilho do precioso metal torna-se equivalente ao brilho de um olhar mais eloquente, de um rosto sereno e sábio, de um sorriso compreensivo, de gestos de companheirismo e cumplicidade e de um estado de crescimento pessoal cada vez mais susceptível de ‘ver para além de”.
São visitas insubstituíveis e com que conto sempre, até que o meu último sopro ‘contamine’ aqueles que me rodeiam e respiram, com uma última esperança de partilha e continuidade.
Quem seria eu sem as minhas mais devotas amigas tristeza e nostalgia? Impossível imaginar-me e refazer-me, sou com elas e através delas, entre tantas outras visitas que me envolvem, revolvem e devolvem.
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