terça-feira, janeiro 18, 2005



Nos últimos tempos, ou primeiros tempos deste ano, olho as teclas, elas olham-me de volta e ficamo-nos pelas primeiras impressões, sem aproximações interactivas. No meandros ‘cefaloídes’ imagens, palavras soltas e emoções abundam de forma caótica, sem que eu consiga organizar qualquer ideia ou sequência de ideias capazes de ganharem vida própria e caminharem por si, fora de mim.
Nesta sociabilidade muda onde abunda o unívoco, confronto-me com as palavras do filósofo José Gil, entrevistado na Pública de domingo. Num tecer de reflexões e análises sobre o existir português, diz o filósofo que o ambiente anestesiante que nos rodeia não nos permite ter intensidade de vida, de pensamento, de acção, para que possamos inscrever-nos na nossa própria vida, na Europa, no mundo global, etc. Uma vez assisti a uma entrevista com o jovem físico português, João Maqueijo, que vive em Inglaterra. A repórter perguntava-lhe: “Você trabalha com matemática, não em laboratórios. Não poderia ter descoberto essas teorias em Portugal? E ele respondeu imediatamente: “De maneira nenhuma. Sabe porquê? Por causa da intensidade das trocas de pensamento em que eu vivo quotidianamente. É isso que me faz pensar.”
Sem querer exagerar no alibi, sem querer culpar o exterior de tudo aquilo que não concretizo, digo que senti como se de protopalavras se tratasse, como se ele tivesse dado nome e organizasse os meus sentires e os meus ‘não pensares’ em palavras coerentes e consequentes. Assim é o sufoco em me encontro, desde que não partilho e compartilho estes pensares que me pairam fugitivamente, com outros pensares não coagidos e enriquecidos com outros rituais culturais, que a escalada se tornou lenta e por vezes com perigo de derrocada.
Tenho urgentemente de ampliar as trocas e partilhas para ventilar a asfixia mental que me estonteia.
Não posso perder tempo, é uma questão de sobrevivência.

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