domingo, junho 26, 2011

Confecção dos afectos #1#



foto ff (Paris 2011)


Era como um fato invisível tecido pelos fios de cabelo, primeiro de lanugem com os seus que se renovam cada dia, do corte aparador e do pentear que os solta como que para o ninho dos afectos. Misturavam-se-lhe os fios do pensamento em que se pensavam porque existiam um para outro e para existirem, mais o dourado pó dos sonhos do olhar que a projectavam no futuro. Por fim o som das gargalhadas e o movimento de balançar-se na sua perna direita alojam-se nos entrelaçados do fato afecto feito à medida para se ousar por esse mundo de amor e medo, mimo e desafio, ameaça e concretização, crueza e bondade. Foi vaidosa e confiante guardando seu fato de amor como quem guarda a alma, estava-lhe colada com suavidade dentro e a dureza fora. Não mais o despiu, nem um só pedaço, nunca outro se atreveu a vestir. Meticulosamente tratava-o para que se mantivesse como novo, renovado e brilhante; sempre ele, sempre o velho com aspecto contemporâneo. Pavoneou-se a cores e a preto e branco, exibiu-se em latim e germânico, sempre fiel a si e à sua pele de afectos como um elo umbilical.

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