cansaço de mim
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Não sei porquê, talvez pela corrente que refere o jpn, eu também me cansei mas foi de mim própria. Isto é algo que me acontece numa estação própria (nas estações que me são destinadas unicamente a mim), que se vai repetindo num ciclo de tempo previsível no meu relógio interno. Acontecimento que me leva a precisar de tirar férias de mim própria, de me afastar ensaiando outras formas de estar e sentir, de me observar de longe e ficar a ver-me descansar. É como um mudar de pele que se faz substituir por outra mais fresca e brilhante, que paulatinamente se vai transformando numa nova pele gasta e envelhecida a necessitar de renovação.
Cada renovação tem o poder da novidade e de me entusiasmar, tal como quando mudo a disposição dos objectos da sala e de corte de cabelo, onde uma surpresa me espera sempre que abro a porta ou me olho no espelho. Então inicio o processo de travar conhecimento, de visitar e memorizar cada imagem, canto e recanto, sombra projectada numa determinada esquina ou ângulo. Repito cada movimento vezes sem conta até que cada milímetro tenha uma representação mental das suas formas e das emoções que elas promocionam. Findo o processo eles existem dentro de mim, abdicando da presença e movimentos a ela associados; ai instala-se o cansaço tornando-se necessário limpar os trajectos mentais que o protagonizam e reiniciar novo processo.
Se me virem com a velha pele meio despida não olhem, finjam que estou invisível, eu faço de conta que não vos vi a observarem. Quando me quiserem afagar aproximem vossos dedos em palpos de aranha, deixem-nos deslizar pelas clavículas para se afundarem nas concavidades axilares, acompanhem com expirações sibiladas como vozes que vão declamando palavras desconhecidas e curativas, penetrando na epiderme hidratando-a balsamicamente. Prometo que selaremos a mudança dançando à chuva.
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