não representação
A existência etérea que uma pessoa ocupa noutra tem a sua dimensão estética de uma beleza exasperante. Beleza que a faz existir sempre fora do outro, sem nunca dele fazer parte, como uma imagem bidimensional que se admira num processo perfeitamente isolado e solitário, de fruição masturbatória em que o outro funciona como estímulo meramente pontual. Todos querem não ser esta pessoa ainda que confusamente se movam nesse sentido, ocupando um estar hiperrealista em que a forma sem cores domina em relação ao conteúdo do outro para se centrar no núcleo fantasioso do próprio. Resultando num abandono do outro que inicialmente parecia ser o centro da existência do próprio, outro que esteve sempre fora, sempre excluído, sempre entregue a si mesmo na ilusão da partilha.
Solidão que nos une no desespero de não termos nem sermos uma representação real, afectiva e efectiva no outro.
Solidão que nos une no desespero de não termos nem sermos uma representação real, afectiva e efectiva no outro.
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