terça-feira, março 08, 2005

não representação

A existência etérea que uma pessoa ocupa noutra tem a sua dimensão estética de uma beleza exasperante. Beleza que a faz existir sempre fora do outro, sem nunca dele fazer parte, como uma imagem bidimensional que se admira num processo perfeitamente isolado e solitário, de fruição masturbatória em que o outro funciona como estímulo meramente pontual. Todos querem não ser esta pessoa ainda que confusamente se movam nesse sentido, ocupando um estar hiperrealista em que a forma sem cores domina em relação ao conteúdo do outro para se centrar no núcleo fantasioso do próprio. Resultando num abandono do outro que inicialmente parecia ser o centro da existência do próprio, outro que esteve sempre fora, sempre excluído, sempre entregue a si mesmo na ilusão da partilha.
Solidão que nos une no desespero de não termos nem sermos uma representação real, afectiva e efectiva no outro.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial