primavera púbere
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São como cogumelos que pululam pelas ruas, cafés e esplanadas urbanas.
São como extensões do raios de sol primaveril, coloridas irrequietas, encantadoras, brilhantes e vistosas.
Têm a frescura da terra húmida, a novidade dos rebentos em flor que num misto de timidez e desafio nos banham com a sua exposição ao mundo.
São ruidosas, gargalham, têm gestos expansivos que se podem retrair num súbito incompreensível.
Nos olhos transportam o pó das estrelas (da sininho), na epiderme a textura das pétalas, na boca o Arco Íris da chuva purificadora.
Reportam-nos(me) a uma adolescência de grandes obstáculos, de urgências e um enorme fulgor para colher aquela papoila no canto mais difícil.
Surgem em grupos saltitantes que invadem, repentinamente, espaços públicos, como um pingo de tinta em papel mata borrão, que se espraia definindo contornos irregulares e com estética própria. Numa estética nunca repetível e sempre identificável.
São as meninas púberes, que se movimentam numa sexualidade a querer estalar-lhes o corpo, como uma implosão que se irá transformar em explosão, que a todos pode contaminar – que delas emana, que sentem mas de que não se apercebem.
São olhares espontâneos com a doçura do sonho e a confusão de um corpo em expansão, a crescer em sentidos opostos e indefinidos.
São urgência, são descoberta, são poesia bruta, são a nossa voz silenciada.
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