sábado, dezembro 03, 2005

invólucro


Autor: Grupo de Trabalho ALF, Porto

Arrastamo-nos todos neste invólucro.
Invólucro que se vai deteriorando a ritmos nunca igualados.
Invólucro que vai deixando rasto, marcas da sua deterioração:
· São cabelos que vão esmorecendo até pousarem em terra firme.
· São células que dão por finalizada a sua missão e, na paz do dever cumprido, jazem nos têxteis que nos envolvem.
· São os dentes que, cansados de tanto remoer, precipitam um reforma antecipada.
· São os músculos que cedem à gravidade, num descair que os direcciona para o solo.
· São as lágrimas que se soltam com vontade própria, como se chorassem as dores a que não tiveram tempo na fuga diária.
Uns com mais pedaços que se soltam precipitadamente, outros com os seus pedaços desesperadamente resistentes, como se quisessem enganar o tempo.
Talvez porque ‘somos o que comemos’, ou então porque somos as perdas afectivas que temos, ou então os ganhos afectivos que acumulamos, concretizando comodidade e conforto...talvez...mas todos temos este invólucro a nosso encargo.
A todos compete, sem fuga possível
· Cuidá-lo
· Alimentá-lo
· Limpá-lo
· Mobilizá-lo
· Exercitá-lo
· Entretê-lo
· Animá-lo
· Activá-lo
· Repousá-lo
· ...
· transportá-lo

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