Havia um pinhal lindo atrás da casa. Palco de muitas brincadeiras infantis temperadas com risotas e alguns arranhões. Era a sombra das férias grandes. No Outono era local de “peregrinação” à apanha dos míscaros.
- “ó mãe, olha este! É tão lindo!”
- “Não mexas nesses que são venenosos!”
- “Mas são tão lindos! Posso levar?”
- “Não filha, não estragues!”
… no Inverno o musgo para o presépio.
Agora não há míscaros naquele espaço. Também já lá não está aquele grande, fresco e verdejante pinhal. Parte do que foi sobrando das chamas que verão após verão engoliam as árvores e as recordações de infância, acabou por ser cortado por quem morava perto. Por precaução. Pelo receio da perda. Pelo cansaço.
Há uns anos atrás era comum, para mim, que as noites de verão fossem passadas em constante sobressalto. Momentos de aflição que reacendiam (reacendem) todos os anos juntamente com o fumo que paira no ar, com o som das sirenes dos bombeiros: mensageiro de más novas, portador de desassossego, sinónimo de destruição.
- “ó mãe, olha este! É tão lindo!”
- “Não mexas nesses que são venenosos!”
- “Mas são tão lindos! Posso levar?”
- “Não filha, não estragues!”
… no Inverno o musgo para o presépio.
Agora não há míscaros naquele espaço. Também já lá não está aquele grande, fresco e verdejante pinhal. Parte do que foi sobrando das chamas que verão após verão engoliam as árvores e as recordações de infância, acabou por ser cortado por quem morava perto. Por precaução. Pelo receio da perda. Pelo cansaço.
Há uns anos atrás era comum, para mim, que as noites de verão fossem passadas em constante sobressalto. Momentos de aflição que reacendiam (reacendem) todos os anos juntamente com o fumo que paira no ar, com o som das sirenes dos bombeiros: mensageiro de más novas, portador de desassossego, sinónimo de destruição.
4 Comentários:
tantas emoções doces e dolorosas que nos trespassam os poros nestes dias que se queriam de calma de verão...as palavras afundam-se nas águas que abundam nos nossos corpos e escasseiam no nossos rios...tempos sem solução...impotência e revolta...gostaria que tudo isto fosse uma grande produção americana donde irei sair após um Happy End promissor, as luzes que se acendem e os rostos húmidos mas aliviados saem para o seu quotidiano stressante, pouco estimulante mas onde um sombra de árvore é sempre possível
Pergunto-me várias vezes que pensamentos, impulsos, emoções ou anseios comandam a mão que atira a primeira chama a um espaço verde. será que é o verde que os atormenta?...
...então pintemos as àrvores de azul...todavia também o céu que era azul se cobre de negro pelo fumo estonteante...será que é o azul que os atormenta?...
...então pintemos as àrvores de amarelo...e as acácias do meu quintal, se Vangog o visse não pintaria girasois, mas acácias...são muito mais bonitas!...também elas se tranformaram em cinzas...será que é o amarelo que os atormenta?...
...então pintemos as àrvores de branco...
pintemos cores ou não faremos nada?...deixaremos em branco para que "eles" pintem o cernário...não sei, enquanto não perceber os pensamentos, impulsos, emoções ou anseios...não saberei que cor pintar...mais uma vez deixaremos em branco?!... esperamos que o cerário não se tinja de negro!
nos anos 80 houve muitos filmes de ficção científica que profetizavam um futuro escuro, de cimento e metal. Não me lembro dos endings dessas histórias. possivelmente seriam happy. o que eu acho é que o que happy não se aplica nos endings das histórias de verões queimados. só se for a curto prazo para alguns como os piromaníacos e para o negócio particular das avionetas de combate aos fogos... ai a lei, a lei que é tão ignorada...
só para dizer que tenho um novo blog: textículos-cbr.blogspot.com, esqueçam o anterior, beijos granddes
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