sábado, setembro 25, 2004

Escrever um livro

"Ninguém pode escrever um livro. Para
Que um livro seja verdadeiramente,
Requerem-se a aurora e o poente,
Séculos, armas, mar que une e separa."

Escreve Jorge Luís Borges no poema Ariosto e os Árabes.
Fiquei triste e aliviada.
Triste porque perdi qualquer esperança de o fazer.
Aliviada porque justifica ainda não o ter feito.

Faltam-me muitas eternidades para que o livro,
Obra sagrada que encerra odores, temperos e paladares especialmente cultivados nos campos que rodeiam o Olimpo, delicadamente cozinhados para acalmar os deuses mais irados, impacientar os mais refastelados, estimular os mais desesperançados e requintar os mais abrutalhaos,
possa ser um facto que vai para além dos meus onirismos vigis, das minhas deambulações internas e das minhas contemplações.

Assim vou tentar cumprir esta eternidade com brevidade para poder passar à seguinte, e depois a que se segue e...

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