domingo, dezembro 11, 2005

solidão a cores e palavras


fotos de ff

Poema do amor que resolve todas as diferenças

teus seios de leve e guarda
castos castelos em água
o puríssimo torso amada
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

tuas mãos a chave alada
morena carne acendida
à rédea (dedos de corda)
a cova morna
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

o teu púbis por deitada
ergue-se e
miúdo o ventre
no côncavo o berço de alma
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

teus caninos luzentes
vagam lume
pausam olhos amarelos
alto rosto
são
meu amor mata-te
porque não te matas?

tua cintura abrandada
(do dorso vagueia ao ventre)
a fronte fraca e o delicado
osso tremente sob o peso
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

teu nome dado
esse enorme não outro
em grito e o desvio
são

tua matriz de tua
esponja com teu cabelo crespo
fio a fio descontados
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

4/9/71 in Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa