No Tempo Em Que Os Objectos Falam (por nós)
No tempo em que os objectos falam por nós grunhem-se uns monocórdicos azedumes, instala-se um mutismo crónico só quebrado pelos queixumes vagos e incoerentes de uns líricos que se perderam no porquê da sua revolta, ou uns sons caóticos de uns inadaptados encarcerados pelo seu ‘ruído’ destabilizador.
No tempo em que os objectos falam por nós calam-se as vozes da cada um para dar lugar às vozes do aparato tecnológico, a monossílabas onomatopaicas que nos povoam como se fossem familiares de carne e osso que nos acolhem, confidentes que nos ouvem e confessores que nos absolvem. Mas eles nada devolvem a não ser o vazio existencial de cada um, o acolhimento nunca chega, acabamos por nos ouvirmos a nós próprios ou a anestesiarmo-nos (talvez numa absurda obediência a Baudelaire na ordenação a que nos embriaguemos) para não nos ouvirmos a nós próprio, e a absolvição jamais acontece instalando-se cada vez mais a culpa que só sossega pelo anestesiar que a empurra para os níveis da inconsciência, passando a revelar-se de forma insidiosa e comprometedora.
No tempo em que os objectos falam por nós a comunicação torna-se impossível para a efectividade da afectividade, os dedos gastam-se no tacto com os objectos plásticos tornando-se insensíveis ao toque epidérmico, os olhos perdem-se nos fotões luminosos dos écrans, os lábios esquecem sua função, os braços petrificam no desejo de um gesto que não sabem existir.
No tempo em que os objectos falam por nós a identidade humana corre o risco de se extinguir como se fosse uma espécie rara, a necessitar de cuidados especializados de voluntários visionários.
No tempo em que os objectos falam por nós solicita-se um serviço de voluntariado para cuidar de ‘eus’ errantes, estão abertas inscrições para avaliação de perfis visionários.
No tempo em que os objectos falam por nós calam-se as vozes da cada um para dar lugar às vozes do aparato tecnológico, a monossílabas onomatopaicas que nos povoam como se fossem familiares de carne e osso que nos acolhem, confidentes que nos ouvem e confessores que nos absolvem. Mas eles nada devolvem a não ser o vazio existencial de cada um, o acolhimento nunca chega, acabamos por nos ouvirmos a nós próprios ou a anestesiarmo-nos (talvez numa absurda obediência a Baudelaire na ordenação a que nos embriaguemos) para não nos ouvirmos a nós próprio, e a absolvição jamais acontece instalando-se cada vez mais a culpa que só sossega pelo anestesiar que a empurra para os níveis da inconsciência, passando a revelar-se de forma insidiosa e comprometedora.
No tempo em que os objectos falam por nós a comunicação torna-se impossível para a efectividade da afectividade, os dedos gastam-se no tacto com os objectos plásticos tornando-se insensíveis ao toque epidérmico, os olhos perdem-se nos fotões luminosos dos écrans, os lábios esquecem sua função, os braços petrificam no desejo de um gesto que não sabem existir.
No tempo em que os objectos falam por nós a identidade humana corre o risco de se extinguir como se fosse uma espécie rara, a necessitar de cuidados especializados de voluntários visionários.
No tempo em que os objectos falam por nós solicita-se um serviço de voluntariado para cuidar de ‘eus’ errantes, estão abertas inscrições para avaliação de perfis visionários.
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