Satisfação Intranquila
«Ruanda proíbe uso de sacos de plástico O Ruanda é um país em reconstrução e é preciso "fazer as coisas como deve ser". Com este argumento, o Governo não só proibiu a utilização de sacos de plástico em todo o país, como pôs a polícia a multar cidadãos e fechar estabelecimentos que não estivessem a cumprir a lei. "Os sacos de plástico são nocivos à saúde e ao ambiente e queremos que as pessoas usem, em vez deles, cestos tradicionais", afirma a ministra ruandesa do Território e do Ambiente, Drocella Mugorewera, citada pela Reuters. na segunda-feira, para celebrar o Dia Mundial do Habitat, o Governo concedeu um dia de folga aos trabalhadores, exortando toda a população a remover sacos de plástico e lixo das suas comunidades. Introduzida em 20 de Agosto, a proibição dos plásticos abrange também a sua produção e importação. Alguns comerciantes, no entanto, contestam a medida, vendo-a mais como uma prova de força. "O Governo está a ser injusto com os pequenos comerciantes. Alguns de nós são incapazes de suportar materiais de embalagem caros, os nossos clientes estão a fugir", opina o proprietário de um quiosque. "As nossas acções não são severas", rebate a ministra. "As pessoas foram avisadas de que cada ruandês deve proteger o ambiente. A polícia tem o direito de interpelar as pessoas, seja qual for o crime".»
noticia cuja divulgação me chegou via mail em Outubro 2004
Li, fiquei apreensiva, não conseguia articular as ideias.
Eu tenho por hábito ir aos estabelecimentos públicos e recusar sacos de plástico, pelo menos tentando reduzir o número dos que vou ‘obrigatoriamente coleccionando’. Mas uma acção destas, num país destes, promove-nos a paradoxos ideológicos: satisfação porque algo se faz pela protecção do ambiente, apreensão porque algo mais essencial não se faz para o bem estar deste povo, satisfação pela deixa para lutarmos contra a excessiva produção plástica (alimentação, estética, ambiente, etc.), apreensão porque teríamos de reestruturar as dimensões dos nossos espaços para transportar e acondicionar as nossas viciosas necessidades; satisfação porque um detrito de saco de plástico na rua pode ser motivo para uma deambulação artística (cf. American Beauty, Sam Mendes), apreensão porque a nossa qualidade de vida está ameaçada e somos diariamente invadidos pelos agressores visuais, auditivos, atmosféricos, tácteis e cinestésicos.
Satisfação intranquila é o que acontecimentos e medidas destas nos trazem, mas também como ter tranquilidade com tanto conturbação, injustiça e sofrimento à nossa volta. Também não o desejo, não podemos ficar distraídos, nem desperdiçar oportunidades de promover a reflexão e a agitação, senão na acção pelo menos na elocução.
noticia cuja divulgação me chegou via mail em Outubro 2004
Li, fiquei apreensiva, não conseguia articular as ideias.
Eu tenho por hábito ir aos estabelecimentos públicos e recusar sacos de plástico, pelo menos tentando reduzir o número dos que vou ‘obrigatoriamente coleccionando’. Mas uma acção destas, num país destes, promove-nos a paradoxos ideológicos: satisfação porque algo se faz pela protecção do ambiente, apreensão porque algo mais essencial não se faz para o bem estar deste povo, satisfação pela deixa para lutarmos contra a excessiva produção plástica (alimentação, estética, ambiente, etc.), apreensão porque teríamos de reestruturar as dimensões dos nossos espaços para transportar e acondicionar as nossas viciosas necessidades; satisfação porque um detrito de saco de plástico na rua pode ser motivo para uma deambulação artística (cf. American Beauty, Sam Mendes), apreensão porque a nossa qualidade de vida está ameaçada e somos diariamente invadidos pelos agressores visuais, auditivos, atmosféricos, tácteis e cinestésicos.
Satisfação intranquila é o que acontecimentos e medidas destas nos trazem, mas também como ter tranquilidade com tanto conturbação, injustiça e sofrimento à nossa volta. Também não o desejo, não podemos ficar distraídos, nem desperdiçar oportunidades de promover a reflexão e a agitação, senão na acção pelo menos na elocução.
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