quinta-feira, outubro 28, 2004

"Von"

Como sempre chamam a atenção pelo grafismo. Desta vez um rosto infantil insurgido de outros mundos. Onde está o posto de escuta mais próximo? Não que eu duvidasse da qualidade. Já a conhecia e não vislumbrava sequer a hipótese de uma desilusão. “Plásticamente” já estava convencida. Mas precisava ouvi-lo imediatamente. “Von”, o primeiro álbum dos Sigur Rós está finalmente (7 anos após a sua primeira edição) à venda fora das terras geladas do norte da Europa. Em Von a sensação que nos invade logo de início é a de que inexplicavelmente, acordamos num local frio, escuro e húmido. Olhamos em volta mas os olhos não vêem. O chão é macio. Reconhecemos o odor da terra molhada mas há indícios de outros cheiros... intensos, azedos. Ainda atordoados, tentamos decifrá-los. A solidão do mundo abate-se em nós e com ela as dores dos inocentes. Queremos fugir mas o medo daquilo que se esconde no negrume tolhe-nos as pernas. O cérebro rodopia em direcção ao inconsciente. Vozes longínquas surgem de vários sentidos. Vozes de Loucura? Não. Vozes de Esperança (“Von”). Este é um álbum mais obscuro, com sons mais experimentalistas. Algumas (breves) referências ao rock gótico dos anos 80 (relembrei, por momentos, Love Like Blood) Soturno. Mas belo.

Formados em 1994, os islandeses Sigur Rós aventuraram-se pela internacionalização, em 2000, através das atmosferas oníricas de ágætis byrjun (“um bom começo”). Pelas palavras dos próprios: “ég gaf ykkur von sem varð að vonbrigðum.. þetta er ágætis byrjun" ou seja, "i gave you hope that became a disappointment.. this is an alright start" Provavelmente um começo certo para uma maior aceitação e compreensão da sua filosofia. A crítica rendeu-se. Seguiu-se em 2002 surgiu ( ) suave, inebriante, sem títulos nem letras. Cordas, voz, guitarras subtis e alguma percussão. Os sons que o vocalista emite em ( ) são aquilo que os Sigur Rós definem como o dialecto Vonlenska (hopelandic) – um dialecto inventado pelos próprios sem significado concreto.
Profícua a Islândia, não?

Sigur Rós têm há muito lugar cativo no meu templo. Um verdadeiro orgasmo sónico.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

são incríveis. E acredites ou não, estava a ouvir o Ágætis Byrjun qundo aqui vim parar, via A Natureza do Mal.

Hugo
http://fordmustang.blogspot.com

1:32 da manhã  
Blogger Unromance disse...

Fiquei boquiaberta com a tua descrição.. Apeteceu-me agora ouvir esse tal orgasmo sonico. Não conheço muito de sigur ros mas pode ser que mude =)

10:03 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial