domingo, novembro 14, 2004

"A minha verdade é mais verdadeira que a tua"

A indigência de espírito incomoda-me. Tanto mais se ela advier de pessoas com nível de educação superior e a viverem há mais de 10 em cidades como Porto, Lisboa, Coimbra onde a diversidade cultural e social se pode encontrar na rua. Mesmo para quem só olha para os paralelos ou para o alcatrão, concerteza que passa os olhos pelos mass média. Certamente terá uma “ovelha negra” na família. Seguramente, já terá ouvido muitas opiniões divergentes das suas e porventura já terá feito algo que há 5, 6, 7 anos atrás seria absolutamente impensável. Indivíduos a quem a sua pequenez apenas permite continuar a ver uma das faces de uma determinada realidade (aquela que predomina na sociedade) e que disseminam e perpetuam como verdade única e inabalável. Indivíduos para quem qualquer atitude ou comportamento divergente do seu é fervorosamente criticado e alvo de chacota. São os auto-denominados “pessoas normais” (seja lá o que isso for e seja lá qual for a sua extensão).
Cada um tem a sua opinião e isso nem se discute. O que me causa algum prurido é a incapacidade de ir mais longe, de ver e ouvir o outro lado, de negar o direito à existência desse outro lado. O meu prurido transforma-se num formigueiro intenso quando essa incapacidade de aceitar as diferenças é oriunda daqueles que, sob a égide de intelectuais e defensores de igualitarismos sociais, lançam acutilantes ironias contra todos aqueles que não comungam dos seus ideais. Também estes têm uma verdade única. Também estes não aceitam a diferença. Aos primeiros chamo ignorantes e infelizmente, muitos apregoam em salas de formação, castrando o desenvolvimento ético e intelectual de crianças e adolescentes. Aos segundos, chamo hipócritas. Ambos indigentes.

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