segunda-feira, novembro 16, 2009

era uma vez...

foto ff


"Tinha quatro ou cinco anos e queria ver crescer as árvores. Então, ela, pelos vistos ainda mais imaginosa que o filho, explicou-lhe que as árvores são muito tímidas, só crescem quando não estamos a olhar para elas, É que lhes dá vergonha, disse-lhe um dia. Por alguns instantes caim permaneceu calado, a pensar, mas logo respondeu, Então não olhes, mãe, de mim não têm vergonha, estão habituadas. Prevendo já o que viria depois, a mãe apartou o olhar e imediatamente a voz do filho soou triunfal, Agora mesmo cresceu, agora mesmo cresceu, eu bem te tinha dito que não olhasses" José Saramago - Caim, pp.41-42 Editorial Caminho, 2009José Saramago - Caim, pp.41-42 Editorial Caminho, 2009

Etiquetas: ,

sexta-feira, novembro 06, 2009



INAUGURAÇÃO SÁBADO 7/11
PROGRAMA

19H > JANTAR HOTEL BRAGANÇA

22:15 > ESTAÇÃO DE COIMBRA A > Concentração

22:22 > partida > CITAC & MANÉS

22:30 > chegada ESTAÇÃO DE COIMBRA B
Colectivo ERRORISTA > instalação sonora
MIGUEL JANUÁRIO > graffiti [live act]


23:00 – 04:00 > ESTAÇÃO DE COIMBRA B > OFICINAS - CP

23:00
JOSEF B + QIP > massa sonora > execução mecânica aleatória
JOÃO MARQUES FERNANDES/IRENE GONÇALVES> performance
JOÃO VAZ > textos sonoros
MALABARISTAS + CONCERTINAS
JOÃO VASCO PAIVA > vídeo

24:00
BOIALVO [Live act] + LISBON WINTER BLUES [VJ set]

0:30
QUARTETO PAULO PIMENTEL [Jazz]

1:30
MALABARISTAS + CONCERTINAS
JOSEF B + QIP
MAU FEITIO> uma muda de roupa

2:00
LAETITIA MORAIS [Visuais] + BOIALVO [Live act]

2:30 - 4:00
AFONSO MACEDO [DJ Set]

Etiquetas: ,

sábado, 7/11/2009, 22:15 Estação Coimbra A - 22:45 Estação Coimbra B - 23:00-4:00 Oficinas da CP



O viajante

O viajante é um projecto multidisciplinar, centrado no cruzamento de diversas leituras fotográficas de um romance de Italo Calvino, Se Numa Noite de Inverno Um Viajante. Nele, Calvino propõe construir um romance a partir de diferentes começos, fragmentos narrativos que conduzem o leitor a lugares distintos, construindo tipologias que organiza segundo categorias que funcionam numa lógica simbólica e interpretativa que vai da névoa, da atmosfera ao apocalipse.

A viagem é um tema eminentemente fotográfico e o fotógrafo tem sido, desde o início, um viajante, um observador e uma testemunha. Alguém que se desloca e ao deslocar-se altera o seu ponto de vista. As fotografias resultantes são fragmentos, vistas parciais, possibilidades de ponto de vista que nos dizem do lugar do fotógrafo e do que tinha em frente; não nos dizem nada. Mas são todas potenciais narrativos e por isso, quando se cruzam com o espectador, dizem tudo. Esta ambiguidade, que a natureza da fotografia lhe empresta, torna-a num instrumento privilegiado para pensar a nossa relação com o mundo, e construir a nossa própria narrativa. Tal como a pintura, a fotografia é una cosa mentale.

O que se apresenta é uma rede organizada a partir de um conjunto de pontos de vista de diferentes observadores-leitores-fotógrafos construídos a partir das possibilidades narrativas propostas por Calvino e esta rede é tecida a partir de leituras deste núcleo inicial envolvendo diversas práticas artísticas da palavra à escrita, do som à performance, da pintura ao vídeo.

O viajante é uma experiência colectiva proposta aos sentidos do leitor-espectador. Não por acaso, o romance começa numa estação de caminho de ferro…

Francisco Feio

Etiquetas: ,