sexta-feira, dezembro 31, 2004

Golden Trees


O ano a acabar e só me apetece comer laranjas frescas! Será que há aqui algum simbolismo que devo escrutinar no ano que se avizinha?

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Diário do nascimento do Menino I

24 de Dezembro: desespero na luta contra um pneu furado, receio não chegar a tempo de o ouvir dar o primeiro berro.

Diário do nascimento do Menino

23 de Dezembro: aventuro-me pela selva da baixa, cheiro o monóxido de carbono concentrado, visualizo o desespero de encontrar uma estrela que brilhe além dos neóns que me ferem a íris cansada.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Posts de escárnio e maldizer

Costumo visitar regularmente cinco ou seis blogs. Ontem decidi alargar os meus horizontes e parti à descoberta pela blogosfera. Fui seguindo indiscriminadamente, um outro link, ou até nomes de blogs que me parecessem interessantes. Ao fim de quarenta minutos (e salvo raras mas excelentes excepções) vi-me no liceu de Seia, talvez no 8º, 9º 10º ano a folhear o jornal Blitz que na altura (à falta de blogs, e canais televisivos a passarem mensagens em rodapé) dedicava (infelizmente) um largo espaço à batalha verbal entre nortenhos e sulistas, metaleiros e curistas, betos e rockers, enfim, um espaço dedicado a críticas palermas escritas por palermóides que, se julgavam os melhores (palermas, só pode!). O nível agora e aqui na blogosfera é outro mas não deixa de ser triste que muitos se aproveitem da protecção que a internet lhes dá para escarnecer de um modo tão vil. A outros corre-lhes no sangue a necessidade de achincalhar. Prepotentes. Desculpem, mas precisava fazer esta partilha.

terça-feira, dezembro 21, 2004

Copy Paste

E no final, o que conta é o resultado. Mas um “isto serve” feito de retalhos não é propriamente a mesma coisa que um trabalho de pesquisa, reflexão e crítica, pois não? O primeiro é mais rápido e em termos económicos é mais compatível com as voláteis exigências do mercado. Será melhor a longo prazo? Com sorte até será. Control C/ Control V devem ser as teclas mais premidas nos teclados de milhares de portugueses, desde estudantes, passando por quadros publicas e privados, etc. ... Então e a consciência de cada um? – poderão pensar aqueles que querem fazer algo por si próprios. Essa consciência, infelizmente não tem lugar numa sociedade aplaude e vangloria os “espertinhos”. Ainda por cima a p**** da “sorte” anda com eles.

Isabel desiring



"Sophia"

Gostava de ousar
Ser Sophia...
entrar ondas adentro
misturar sal de minhas lágrimas
no sal do mar salgado
de poetas
saborear-lhe movimento
ritmo
cheiro
sal
como alma
a rebentar
em espuma
lágrimas cantantes
disfarçadas
cujo som diluído
impede a quem olha
saber se é riso
pranto
ou grito apenas.

poesia de Isabel J.

domingo, dezembro 19, 2004

De ano para ano a estrada para o Natal vai-se deteriorando. Antes era bem asfaltada, ampla, iluminada e iluminável. As pessoas circulavam sem grandes contratempos, raramente havia filas e quando havia eram como que um apelo ao convívio salutar. Ninguém se lembrou da sua manutenção. Ou melhor, talvez muita gente se lembrasse, mas o comodismo falou mais alto e esperou-se que o Espirito Natalício (E.N.) cuidasse de o fazer. Pobrezito, primeiro foi chicoteado pelo individualismo, depois foi atacado por uma epidemia chamada consumo que, infelizmente, evolui e que agora se encontra no seu tipo mais grave: o tipo desenfreado. O E.N. está magrinho e rezingão. Ouvi dizer que subsistir, para ele, se tornou numa obrigação. Vamos dar-lhe ânimo e razões para permanecer vivo e sem oscilações de humor. Vamos construir uma auto-estrada sem portagens, bem sinalizada e iluminada de sorrisos conducente a um natal harmonioso. (Convém é conduzir com cuidado e não esquecer que o lema é “este natal [e os que virão] faça-se presente”).

sexta-feira, dezembro 17, 2004

melancolia, angustia e tristeza



Hoje sinto uma melancolia, angústia a e tristeza atroz. Parece que uma nuvem de solidão intersticial se abateu sobre mim, sinto-me confinada a um espaço que me sufoca e de onde não sinto força para sair. É como se tivesse um nó na garganta que me sufoca e que se vai esgueirando para me espremer as glândulas lacrimais. Rebolo-me em emoções que não consigo digerir como gostaria, elas enrodilham-se em mim, prendem-me braços e mãos, torcem-me os pés, confinam-me o pescoço, deixando-me quase imobilizada.
A minha alma precisa de creme e máscaras de beleza, precisa de mimos e carinhos, está tão áspera, parece ter perdido algum brilho e a sua tensão constante deixa-a com um ar retorcido.
Felizmente que não acontece todos os dias.

domingo, dezembro 12, 2004



Voltei com os olhos cheios da beleza bruta de Trás-Os-Montes, agora vou esvaziá-los nos meus baús de tesouros onde mergulho sempre que estou imunda com a vida citadina.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Para que ainda possamos ser felizes!

“Paz de espírito, poder andar na rua e sorrir satisfeita, saber que tudo corre nos eixos, não é preciso bem, mas apenas correr.
Sentir-me como poucas vezes me senti, como se por mim e à minha volta corresse um fluido brilhante inebriante que se chama vida, como poder tocar numa flor e chamá-la minha sem a colher.
Saltar de poça em poça e sentir o vento a acariciar-me o cabelo como se fosse as mãos da nossa mãe ou do nosso amor.
Sinto ganas de atravessar o mundo num dia, reduzir o infinito a pó, beber todos os oceanos num copo e chamar irmão a todas as pessoas que eu veja tristes.Paz de espírito poder ouvir, desinteressadamente tudo e no fim restar só eu no fundo do meu peito aberto, olho em volta para os fantasmas e demónios que me assaltam e sonho com neves eternas brancuras perpétuas para me apaziguar.” JP

Reencontro secreto, intimo e público de si para consigo. É como a Primavera a bafejar-nos para que não nos esqueçamos que ainda podemos ser felizes.

domingo, dezembro 05, 2004

Tempo ...

“Não tenho tempo!” – frase dita e ouvida aos molhos, por quem choram os nossos olhos.

Como podemos ter ou não ter aquilo que não nos pertence?
Nem sequer podemos dizer que exista fora de nós. Tempo não será mais do que uma concepção mnésica emocional que nos permite conceber uma ideia de passado e uma idealização de futuro, sempre com uma existência no presente?

sábado, dezembro 04, 2004


selfintimacy

quarta-feira, dezembro 01, 2004

collecting sunshines



Em busca continua continuo a recolher raios de sol.
Estou aqui estou nesta sala, há não sei quantas eternidades, vivendo a minha vida que também é a dos outros, no cansaço de meses vejo desfilar vidas ensaiadas no pequeno écran, sem zapping o meu dedo vai pressionando sem esperança pela alternativa milagrosa, desisto e desligo, cai a noite e preciso de outros fantasmas menos assustadores para expropriarem o fantasma que me assombra noite e dia, e volta o desfile de vidas alheias.


She's sexy!!!!

Um fortíssimo aplauso para Miss ..." uma luz ténue revela as formas do seu corpo quase descoberto. Uns saltos finos e altíssimos conduzem as suas curvas firmes até ao palco. O ritmo da música orienta os seus movimentos. Em cima do palco a sua beleza revela-se. Centro das atenções, olha em redor, recebe os olhares lascivos e retribui percorrendo suavemente a língua pelos seus lábios glossy primorosamente delineados. Os movimentos instigadores intensificam-se e a zona pélvica ganha evidência. Esvoaçante, o vestidinho leopardo deixa adivinhar um “fio dental preto”... Enquanto dança, as suas mãos iniciam um percurso suavemente exploratório pelo seu corpo, descem e sobem contornando todos os recantos. Morde demoradamente o lábio inferior e enquanto os olhos se fecham as mãos acariciam os seios por cima do vestido decotado. Num rápido movimento o vestido desce. O jogo de sedução intensifica-se, gatinha até bem perto do público, olha-o nos olhos, levanta-se colocando em evidência as suas nádegas... a roupa desaparece e o fulgor aumenta. O seu rosto indicia prazer...

Todo este jogo de provocação que se desenvolve em redor de cada peça de roupa subtraída reduz-se a um "Show de entretenimento" que de acordo com as normas e valores da sociedade em que vivemos desemboca num desempenho social e moralmente condenado. Porquê? Porque se despem em público, porque deliberada e sensualmente expõem a sua nudez perante estranhos. Estes actos traduzem o elemento estigmatizador destas mulheres. “Eu não sou prostituta. O que eu vendo não é corpo, é imagem, é fantasia. (...) Eu gosto de ver eles olhando e desejando porque aqui não tem esse negócio de toque (...) O strip para mim é como uma arte! (...) porque não são todas as pessoas que têm capacidade de enfrentar um palco desta maneira. Se tens problemas eles têm que ficar de fora. Nunca podem interferir." "(...)ele [o público] não deve ver só o sexo mas também a arte."

É vista como um possível brinquedo, mas naquele espaço, quem brinca é ela... Ela tem poder. Ela sabe. Ela gosta. Ela usa-o. Ela tem prazer na profissão que exerce.