terça-feira, abril 25, 2006


fotos de ff

"Querer não pensar nela era ainda pensar e sofrer ainda. E quando, a conversar com amigos, esquecia o seu mal, eis que de súbito uma palavra que lhe diziam o fazia mudar de expressão, como um ferido a quem um descuidado acabasse de tocar no ponto doloroso."

in Em Busca do Tempo perdido 1 no caminho de Swan, Marcel Proust

quinta-feira, abril 20, 2006

brincar à criação


fotos de ff

Tumulto de sentires que num novelo se emaranham nas redes neuronais.
Malandrice, brincadeira inconsequente desse Deus que, na sua extensa idade, ainda tem acessos infantilizados de jogar com a sua criação favorita. Talvez porque a primeira das suas criações divinas, gosta de experimentar confrontos entre uns e desencontros entre outros, depois, não satisfeito na sua curiosidade pueril, fica fascinado com a expansão da rede multifacetada e os brilhos (como uma criança defronte as luzes de Natal) que abundam e compõem aqueles crânios arredondados. O seu fascínio deve-se, não só ao facto de, por vezes querer lembrar pormenores da sua obra, como, pelo facto de ser uma obra dinâmica, que depois de criada tem vida própria, logo o que se vai operando na sua evolução não é do seu completo conhecimento. Assim, só lá penetrando, tocando, mexendo, alterando, consegue perceber o desenrolar da afectividade do funcionamento dessa obra. Então há que mexer, activar, parar…e lá acontece misturar neurónios tipo A com tipo B, enrodilhá-los de forma que nos deixa numa confusão onde os paradoxos abundam, baralham, tolhem, activam acções incoerentes, fazem tremer corações febris, imobilizam atletas de alta velocidade, silenciam os maiores declamadores, derrubam os cérebros mais rápidos e robustos, incorrem no desmontar de intelectos altamente elaborados, arriscando dores e lágrimas em abundância que podem corroer a obra, de que tanto se orgulha.

quinta-feira, abril 13, 2006

Admito. Sou uma pecadora! Confesso que passo muito tempo a ler, a ver televisão, ao telemóvel, algum tempo na net. Numa tentativa de acompanhar a evolução dos tempos (!?), a Igreja Católica apresentou uma nova lista de pecados na qual se inserem os que aqui refiro. Assim, já seria considerado um pecado despender mais tempo naquelas actividades do que na leitura e interpretação da Sagrada Escritura, mas temo que o meu caso seja mais grave. Eu nunca li a Bíblia. Chamar-se-á pecado capital? A minha memória evoca a imagem de um livro grosso, protegido por uma capa de pele negra a repousar na mesinha de cabeceira da minha mãe durante algumas semanas (teriam sido meses?) algures na minha infância. Lembro-me que era pautado por várias referências a números e nomes estranhos que, na altura (ainda na escola primária) achei demasiado confusas. A minha mãe, doce e paciente, perante a minha curiosidade e talvez pressentido um desinteresse futuro por aquele livro, contou-me a história de um homem que deu a vida pela redenção dos outros e concluiu: o mais importante é o respeito pelo próximo.

Respeito a fé e as convicções religiosas de cada um. Incomodam-me hipocrisias.

segunda-feira, abril 10, 2006

Quando a alma não é pequena

Ainda, hoje, não sei como fui ali parar. Sozinha, àquela hora da noite! A noite estava fresca e o meu percurso era guiado pelos desenhos feitos das pedras que compunham o passeio. O som de western americano captou a minha atenção. Empurrei a porta. Não abriu imediatamente. Era pesada. Tentei, novamente, ordenando força para as minhas mãos. A luz ténue que iluminava o salão deixava antever, por entre o fumo que dançava no ar, duas figuras num palco pouco distante da porta de entrada. O espaço estava pouco impedido e o meu olhar conseguiu maior abrangência acabando por se fixar numa poltrona vintage ladeada por um imponente candelabro feito de vidro. Atrás do olhar seguiram os meus passos. Sentei-me.
Na parede o papel em vários tons de vermelho reflectia no meu corpo o fogo que tomava conta daquele espaço. Tirei o casaco. Acendi um cigarro para me fazer companhia enquanto observava o jogo de sedução tosco que se passava à minha frente. O som do contrabaixo impôs-se ao momento. Senti o toque das cordas percorrer-me. Fechei os olhos para me deixar levar. A guitarra juntou-se ao contrabaixo e com ela um toque no meu antebraço braço e uma voz melosa no meu ouvido: “A menina dança?” Puxou-me para si e dei por mim num jogo de pés que desconhecia. O corpo dele transpirava… o meu estava prestes a começar. A mão que me queimava as costas moveu-se cheia de luxúria. O calor estava deliciosamente insuportável e contra mim sentia o seu sexo duro (certamente numa dolorosa luta contra os botões das calças que, por força das circunstâncias, também, comecei a sentir). Lentamente mordiscou-me o ouvido e sussurrou que saíssemos dali.

domingo, abril 02, 2006

o tempo em que era feliz


fotos de ff

Quero de volta o tempo em que era feliz!

Já!!!!!!!!!

estou farta


fotos de ff

Não aguento mais...estou farta de ser esbofeteada

Nem sei porquê!

Que terei feito para as receber ainda é para mim incógnita...e vêm de tantos lados, até dos menos previsíveis...sim tenho estado desatenta, recebo-as também donde espero mimos, até pus a face a jeito e....slap, slap, slap, slap, slap, fortes e intensas...ainda tenho os dedos marcados

Não tenho vergonha só tenho dor no peito e interrogação no olhar.

sábado, abril 01, 2006

utopia




sonho e utopia:

acordar todos os dia com o sol como companhia (quente e envolvente);

ter inequivocamente o mar como cúmplice no sulco salgado nos vales do rosto;

religiosamente deixar que o perfume do festival colorido das plantas ao meu redor, me penetre, qual amante delicado e intenso, expandindo-se luxuriosamente por todos os cantos e recantos deste ser paradoxal

todos os dias ver brilhar uma luzinha de alegria nos olhos dos amados, amigos, e outros com quem inexplicada e intensamente se intercepta a existência;

amiúde ser surpreendido pela capacidade de dar e receber a bondade e generosidade dos que directa ou indirectamente me rodeiam