Ainda, hoje, não sei como fui ali parar. Sozinha, àquela hora da noite! A noite estava fresca e o meu percurso era guiado pelos desenhos feitos das pedras que compunham o passeio. O som de western americano captou a minha atenção. Empurrei a porta. Não abriu imediatamente. Era pesada. Tentei, novamente, ordenando força para as minhas mãos. A luz ténue que iluminava o salão deixava antever, por entre o fumo que dançava no ar, duas figuras num palco pouco distante da porta de entrada. O espaço estava pouco impedido e o meu olhar conseguiu maior abrangência acabando por se fixar numa poltrona vintage ladeada por um imponente candelabro feito de vidro. Atrás do olhar seguiram os meus passos. Sentei-me.
Na parede o papel em vários tons de vermelho reflectia no meu corpo o fogo que tomava conta daquele espaço. Tirei o casaco. Acendi um cigarro para me fazer companhia enquanto observava o jogo de sedução tosco que se passava à minha frente. O som do contrabaixo impôs-se ao momento. Senti o toque das cordas percorrer-me. Fechei os olhos para me deixar levar. A guitarra juntou-se ao contrabaixo e com ela um toque no meu antebraço braço e uma voz melosa no meu ouvido:
“A menina dança?” Puxou-me para si e dei por mim num jogo de pés que desconhecia. O corpo dele transpirava… o meu estava prestes a começar. A mão que me queimava as costas moveu-se cheia de luxúria. O calor estava deliciosamente insuportável e contra mim sentia o seu sexo duro (certamente numa dolorosa luta contra os botões das calças que, por força das circunstâncias, também, comecei a sentir). Lentamente mordiscou-me o ouvido e sussurrou que saíssemos dali.