segunda-feira, agosto 22, 2005

Havia um pinhal lindo atrás da casa. Palco de muitas brincadeiras infantis temperadas com risotas e alguns arranhões. Era a sombra das férias grandes. No Outono era local de “peregrinação” à apanha dos míscaros.
- “ó mãe, olha este! É tão lindo!”
- “Não mexas nesses que são venenosos!”
- “Mas são tão lindos! Posso levar?”
- “Não filha, não estragues!”


… no Inverno o musgo para o presépio.

Agora não há míscaros naquele espaço. Também já lá não está aquele grande, fresco e verdejante pinhal. Parte do que foi sobrando das chamas que verão após verão engoliam as árvores e as recordações de infância, acabou por ser cortado por quem morava perto. Por precaução. Pelo receio da perda. Pelo cansaço.

Há uns anos atrás era comum, para mim, que as noites de verão fossem passadas em constante sobressalto. Momentos de aflição que reacendiam (reacendem) todos os anos juntamente com o fumo que paira no ar, com o som das sirenes dos bombeiros: mensageiro de más novas, portador de desassossego, sinónimo de destruição.

quinta-feira, agosto 18, 2005

Olhó' Euróo

Há dias assim em que certas palavras soam pior que o habitual. Hoje, uns certos e determinados vocábulos mais pareciam o som de unhas compridas a deslizar pesadamente por entre os contornos de uma bela e trabalhada placa de esferovite.

Um desses vocábulos, sai constantemente da boca (e da carteira) de muita gente e é proferido na maioria dos casos - desde políticos, comunicação social, feirantes, tesos e cheios de massa - como “Euróo”.

É minha profunda e declarada intenção contrariar aquilo que já vai sendo mais que comum na língua portuguesa. Arre! Já não basta, os euros, serem poucos e ainda parece que estamos a apregoá-los! “Olhóo Euróo! É a duzentos a dúzia! Venham fregueses q’hoje é mais barato!”
Assim sendo: sempre que Euro se refere a dinheiro deve ser pronunciado como “Euru”. Se for parte integrante de uma justaposição como “euro-milhões” ou o já passado “euro-2004” podemos e devemos dizer “Euró”.

Fica muito mais agradável e eu juro que não é só para me fazerem a vontade.

terça-feira, agosto 16, 2005

eu gostava de ser mais alta, entre outras coisas evitava ter que escalar as prateleiras do "Continente" sempre que o stock dos cappuccinos escasseia e não existe ninguém por perto a oferecer a sempre bem vinda ajuda. De qualquer modo,não me lembro de ter sido alvo de bocas (muito)depreciativas relativas ao meu 1,60m mas se alguém me chamasse "pequena ditadora" ou fizesse alguma referência à minha "estatura política" eu era capaz de não achar piada!