sábado, dezembro 31, 2005


fotos de manas B. e ff

deixa-me com emoções a quererem esvoaçar como borboletas ao redor de uma flor que desponta no início da primavera, mas...é inverno... deveria estar a hibernar...

ainda, Sputnik meu amor


fotos de ff

"...estudar literatura na universidade é como dar uma dentada num pepino que ainda não esteja maduro.” in Sputnik meu amor de Haruki Murakami

Sputnik meu amor


fotos de ff

"...tinha qualquer coisa especial, qualquer coisa que cativava as pessoas. Definir essa qualidade não é fácil, mas bastava fitá-la para a vislumbrar, sempre bem presente lá no fundo." in Sputnik meu amor de Haruki Murakami

sexta-feira, dezembro 30, 2005

2006


fotos de ff

...eu queria deixar sair coisas mais belas...

sexta-feira, dezembro 23, 2005

25 de dezembro


fotos de ff

...e desde então penduram-se os objectos mais estranhos em quaisquer flora verdejante...

domingo, dezembro 11, 2005

solidão a cores!!!!!!


fotos de ff

"Nunca se louva a solidão com sossego"

in Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa

solidão a cores?


fotos de ff

solidão a cores e palavras


fotos de ff

Poema do amor que resolve todas as diferenças

teus seios de leve e guarda
castos castelos em água
o puríssimo torso amada
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

tuas mãos a chave alada
morena carne acendida
à rédea (dedos de corda)
a cova morna
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

o teu púbis por deitada
ergue-se e
miúdo o ventre
no côncavo o berço de alma
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

teus caninos luzentes
vagam lume
pausam olhos amarelos
alto rosto
são
meu amor mata-te
porque não te matas?

tua cintura abrandada
(do dorso vagueia ao ventre)
a fronte fraca e o delicado
osso tremente sob o peso
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

teu nome dado
esse enorme não outro
em grito e o desvio
são

tua matriz de tua
esponja com teu cabelo crespo
fio a fio descontados
são

meu amor mata-te
porque não te matas?

4/9/71 in Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa

solidão a cores


fotos de ff

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Patchfriends - one


fotos de ff

Há amigos que se alimentam dos sinais visíveis de encantamento que provocam no outro, do deslumbramento que percepcionam que a sua presença estética promove no olhar do outro, especialmente na pessoa do sexo em relação à qual tende a haver atracção sexual – na pessoa que possa fantasiar, ou naqueles que se possam identificar ou comparar.
Estes amigos perdem a noção das outras envolventes e carecem da empatia necessária a relações equiparadas, resta-lhes a simpatia enquanto meio para alimentar e manter a relação de encantamento do outro em si – simpatia que resvala na superficialidade, permitindo deusificar e nunca humanizar, embora ilusoriamente haja quem pretenda ter alcançado a acessibilidade a estes amigos. Acessibilidade dificilmente conseguida face à imperativa sede/dependência e necessidade incontrolável de beber do deslumbramento manifestado pelo outro, o qual não lhe permite expor-se humanizado, enquanto ser não perfeito que corre risco de ser alvo de emoções, por parte do outro, caindo num espectro emocional considerado indesejável, negativo, logo sinónimo de não apreço, ou não adoração (o seu inimigo nº 1).
Nos momentos de compulsão e impulsão, em que há uma necessidade urgente de saciação da sua sede, tudo se concentra neste acto, como foco único e exclusivo, deste meio que é mobilizado em prol dos fins, em detrimento de tudo e de todos próximos e envolvidos, apresentando-se indiferentes às consequências que este alheamento possa provocar nos outros.
Estes amigos têm uma quase incapacidade de contenção para com o outro. A estes eu chamo Narcisos.

Patchfriends


fotos de ff


A amizade pode perspectivar-se na dimensão de rede de relações simbióticas ou parasitárias, de mutualismo, de cooperação ou oportunismo, permitindo, ainda que temporariamente, a sobrevivência dos seus elementos.

domingo, dezembro 04, 2005

retrato


fotos de ff


"Fadada foste ao gesto e à
palavra
o corpo tão daninho que te habita
mulher que não domaste e te desgosta
maina te possui
plácida escondida

Escassa é a medida
em que te evitas
e nunca saciada ao próprio espanto
quebras
nela o risco
em ti o que persiste no metal luminoso
em que te encerras

Não é pois já em ti
que o sol tem o bronze
mas antes nela o som a prata trabalhada
a luz que lembra a forma e no poente
enterra até ao fundo a sua faca

Se tens domada a raiva
no seu gume
tão fêmea tu e firme na febre
debruçada
atenta és à pele onde suspendes
os dedos na pressa da voragem

Que abandonada estás
fátima por ti
e bem amada

Vingada vens do tempo
e a venceste
tão bem talhada ao peito
em que a criaste
no maneio de anca nas coxas que crispaste
a ladear a cama em que a perdeste


De sede fátima devoras a firmeza
e tão fecunda ou dor
tornaste a tua fala
que és teu próprio alimento e teu sustento
na solidão imensa em que
resvalas

Que maina foste
mulher que te mantém
maldição de terra envenenada
intacta suspeita e boca amena
cintura branda
joelhos-madrugada

Se mágoa desmanchas fátima
em segredo
como quem borda o pano sobre as nádegas
a camisa descansas costurada
por mãos que maina recusava
a só estar presa
O nojo conheceste e o mordeste
o trocaste em fruto de paisagem
na rua desenhada
que escolheste
para gerares futuro em tua casa

Que abandonada estás
fátima por ti
e bem amada

Faminta te darás
avessa te conheço
a deixares embora sem desgosto
que alguém te possua pelo corpo
se caça fores somente e de seu preço
teres de ceder à arma a linha do pescoço

Pecado de mudez que não
a tua
só maina na herança de outras vozes
nunca pactua
Malquerença que descobres
brevemente
talvez ferida fátima ou ferro fátuo
que de manso o verso te chega aos nervos
e nunca o mar obrigas sob os braços
nas tão breves arestas de alegria
que tu alheia usas sobre o fato

Fadada foste então
À luz
e às secas margens
aos lisos gestos tão fiéis a maina
que áridos parecem mas não fáceis

de ti te distancias
e a medida é justa
como se de roupa fátima to fosse executada
à água

Maligna pois te habita maina
ou tu te habitas fátima
em palavras"

Fátima - 11/3/71 in Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa

sábado, dezembro 03, 2005

invólucro


Autor: Grupo de Trabalho ALF, Porto

Arrastamo-nos todos neste invólucro.
Invólucro que se vai deteriorando a ritmos nunca igualados.
Invólucro que vai deixando rasto, marcas da sua deterioração:
· São cabelos que vão esmorecendo até pousarem em terra firme.
· São células que dão por finalizada a sua missão e, na paz do dever cumprido, jazem nos têxteis que nos envolvem.
· São os dentes que, cansados de tanto remoer, precipitam um reforma antecipada.
· São os músculos que cedem à gravidade, num descair que os direcciona para o solo.
· São as lágrimas que se soltam com vontade própria, como se chorassem as dores a que não tiveram tempo na fuga diária.
Uns com mais pedaços que se soltam precipitadamente, outros com os seus pedaços desesperadamente resistentes, como se quisessem enganar o tempo.
Talvez porque ‘somos o que comemos’, ou então porque somos as perdas afectivas que temos, ou então os ganhos afectivos que acumulamos, concretizando comodidade e conforto...talvez...mas todos temos este invólucro a nosso encargo.
A todos compete, sem fuga possível
· Cuidá-lo
· Alimentá-lo
· Limpá-lo
· Mobilizá-lo
· Exercitá-lo
· Entretê-lo
· Animá-lo
· Activá-lo
· Repousá-lo
· ...
· transportá-lo