quarta-feira, janeiro 31, 2007

Sim religioso


Os 3 P: Perdoai-lhes senhora porque eles não sabem o que fazem!


2007 JANEIRO 25

"Causou algum sobressalto na comunicação social e no país a posição do Bispo de Viseu sobre o próximo referendo. Ilídio Leandro quebrou a muralha de aço do unanimismo que tem sido o discurso moralista da hierarquia eclesiástica católica sobre o assunto. Admitiu votar SIM no referendo à Lei de despenalização do aborto, se a pergunta fosse só sobre isso. Mas o Bispo entende que não é e, por isso, vai votar NÃO. Com alguns remorsos na consciência, acrescento eu, porque o seu coração, a julgar por algumas palavras que ontem proferiu no decorrer de um debate, está com as mulheres que abortam, nomeadamente, as mulheres dos bairros degradados e de famílias destroçadas, desempregadas e quase obrigadas a prostituir-se, pelo menos, ocasionalmente, para assim poderem sobreviver e garantir a sobrevivência dos próprios filhos ainda pequenos. Vejam o que, a este propósito, escreve hoje a Agência Ecclesia: “Num debate na Escola Superior de Educação, em Viseu, o bispo disse que no contexto da lei actual – com as três situações que já permitem o aborto – e que se a pergunta fosse apenas se «aceitava que a mulher fosse despenalizada, eu votaria sim». E acrescenta: «normalmente a mulher é a vítima destas situações porque é abandonada pela sociedade e Estado – ausência de apoios – muitas vezes também pelo companheiro, e o profissional de saúde aceita esta prática para ter benefícios».

Ora aí está. Um bispo que pensa e sente assim, se depois vota NÃO no referendo à lei que despenaliza o aborto realizado dentro das primeiras dez semanas de gravidez, só pode votar com remorsos. Porque não está a ser consequente nem coerente com o seu pensar e sentir. Tem à sua frente a possibilidade de contribuir para libertar as mulheres que abortam do pesadelo duma lei, como a actual, que, se for aplicada, as penaliza, concretamente, pode mandá-las para o tribunal e até para a cadeia, e depois, devido a um mecanismo cruel que ainda perdura indevidamente na sua consciência, em resultado de catequeses terroristas do passado e do presente feitas por homens de proa da Igreja católica que nunca puderam casar nem ter filhos, pelo menos, assumi-los publicamente como seus, recusa dar esse seu contributo. Quem assim só pode ficar com remorsos. Comete o que se pode chamar um pecado de omissão. Não leva até ao fim o seu sentir e o seu pensar. Não é consequente nem coerente. Não é capaz de pôr as mulheres de carne e osso à afrente do Moralismo, como sempre faz Jesus, o de Nazaré.

Por mim, entendo que são ainda as catequeses terroristas do passado, concebidas e ensinadas na Igreja católica pelo seu clero à revelia do Evangelho de Jesus e brutalmente reproduzidas na actualidade pelos Movimentos de católicas e católicos defensores do NÃO à Lei de despenalização do aborto, que continuam a condicionar a consciência do Bispo de Viseu e a impor-lhe uma opção que ele próprio já sente como cruel e indefensável, mas que, mesmo assim, diz que irá ser a dele. Só posso ficar com pena do Bispo. Afinal, ele está à beira, nesta opção concreta, de se tornar cristão jesuânico e não é capaz de dar o salto. Opta por permanecer no grupo dos fariseus católicos contra as mulheres que abortam, embora já não seja daqueles que se apresentam com pedras na mão para lhes atirar. Francamente, não gostaria de estar na pele dele.

Bem sei que o preço a pagar, inclusive dentro da Igreja católica romana, por nos tornarmos discípulos de Jesus, o de Nazaré, é muito elevado. E muito mais para um bispo católico residencial, como é o caso em questão. Mas só assim é que se nasce do Alto, do Espírito Santo. E o que eu mais posso desejar para os meus irmãos bispos é que eles aceitem nascer do Espírito Santo. Como Jesus nasceu. Que todos eles sejam baptizados no Espírito Santo. A água baptismal eclesiástica, por mais benta que se diga, não faz mulheres e homens libertos para a liberdade. Não faz nascer em nós entranhas de humanidade. O mais que consegue fazer – e hoje, já cada vez menos, felizmente – são funcionários eclesiásticos que presidem a cultos litúrgicos rotineiros e sem Liturgia que só servem para alimentar deprimidos e pessoas politicamente resignadas e conformadas.

O sobressalto causado pelo Bispo Ilídio Leandro não passou disso. Fez-nos conter, por breves instantes, a respiração. Mas quando íamos cantar e dançar de alegria por, finalmente, termos um bispo cristão jesuânico, também neste campo da prática da despenalização do aborto, o que tivemos foi mais um aborto. Um aborto no seu processo de libertação para a liberdade. Um processo que assim foi abruptamente interrompido. O Bispo não teve a coragem de ser consequente e coerente. Com isso, deixou triste o Espírito Santo. Como aquele homem dos Evangelhos Sinópticos a quem Jesus convidou a vender tudo o que possuía e a dar o dinheiro aos pobres para depois o seguir. O homem não foi capaz. E Jesus ficou triste. Assim como o homem em causa.

São abortos deste tipo que mais entristecem o coração de Deus. Quando o Espírito está à beira de conseguir fazer de um funcionário eclesiástico ou outro um ser humano com entranhas de misericórdia e de humanidade e ele, por falta de audácia, interrompe o processo e recusa dar o salto em frente, é a Humanidade toda que sai prejudicada. O funcionário em causa garante a continuidade dos privilégios com que o Poder (um demónio, no dizer da linguagem mítica do Evangelho) o mimoseia, por o servir incondicionalmente, mas não se desenvolve em humanidade, em liberdade, em alegria, em paz. E todos os demais seres humanos perdemos com esta perda. Nunca tinham pensado nisto? Pois pensem, que é por aqui que passa o nosso futuro, como Humanidade.

O Bispo de Viseu chegou a falar, na sua intervenção nos telejornais de ontem nos 35 mil abortos que se cometerão cada ano em Portugal. E fala até dos profissionais de saúde que aceitam esta prática a pensar nos benefícios materiais que daí tiram. E mesmo assim, anuncia que vai votar NÃO à lei de despenalização do aborto. Vejam a crueldade em que o Bispo cai com a sua falta de audácia. Porque essa é a outra questão que a Lei que vai a referendo quer ajudar a resolver. Actualmente, as mulheres que na sua consciência decidem abortar, no período das primeiras dez semanas de gravidez, não têm outra saída que não a clandestinidade, nas clínicas privadas, no caso de disporem de dinheiro para pagar, ou nas abortadeiras e outras habilidosas, no caso de serem pobres e desempregadas, e quase sempre abandonadas pelos homens que as engravidaram. O Bispo, pelos vistos, sabe do facto real. Refere os números com precisão. E que decide? Que as mulheres continuem entregues à sua desgraça como até aqui. Não é uma crueldade? Ora, não é por a Lei ser aprovada que passará a haver 35 mil abortos/ano em Portugal. Eles existem já. Só que na clandestinidade. E nas condições de indignidade que as mulheres pobres que alguma vez abortaram bem conhecem. Ao votar NÃO à lei, o bispo fecha-lhes a porta dos hospitais, as portas da saúde pública. Como quem diz: ai querem abortar? Então abortem, mas nas abortadeiras! Nos hospitais públicos é que nunca!

Eis a crueldade no seu pior. Porque se não houvesse abortos na clandestinidade e nas condições de indignidade e de riscos para a saúde das mulheres, certamente a sociedade portuguesa não seria chamada a votar esta Lei de despenalização em referendo. Mas essa chaga social existe. É um facto. Não vale fechar os olhos a ela. Existe. E é para tentar introduzir nela uma réstia de humanidade e de dignidade humana, que a Lei de despenalização vai a referendo. E é por isso que eu, padre/presbítero da Igreja católica, ao contrário do Bispo de Viseu e de toda a hierarquia episcopal, votarei SIM no referendo. Sem hesitar. Como um acto de ternura para com as mulheres pobres do meu país!" Padre Mário de Oliveira (ou Padre Mário da Lixa).

segunda-feira, janeiro 29, 2007

maledetta primavera

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Gennaro Cosmo Parlato

...quem desdenha quer comprar ou este Inverno já está a passar dos limites: que venha rápido esse tempo em que as flores nos intoxicam com o seu cheiro intenso, os pássaros nos ensurdecem com os seus sons incansáveis e o sol nos queima até as emoções mais congeladas...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

SIM em inglês


fotos ff

As long as I know myself I recognize me as a No Girl. That means I’d never said Yes for nothing without thinking about some involved aspects of it, so, normally I use to say: “No, because there are non favourable things of it, lets see what…”, sometimes I use to say: “Maybe, depends of…” or “Yes, but…”and few times I use to say: “Yes, lets do it!”, when I was just sure of something.
That tendency still stays on me.
Now, those general ambiences of the refereeing vote to Voluntary Interruption of Pregnancy (VIP or IVG – Portuguese way), bring me to a spontaneous and clear answer: “Yes, lets give to everywoman the certainty of being consistently and properly assisted at every decision and followed interventions in relation to the pregnancy!”.
Even if I could admit that I know a little bit why there’s this discussion, I don’t understand why there a point of doubt about questions so clear in sense of supportive counselling and care treatment, that everybody deserves. That should be clear as it is in the human rights, where that is naturally contemplated.

p.s. em inglês porque assim surgiu na minha actividade cognitiva

domingo, janeiro 21, 2007

porque hoje é domingo

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domingo, janeiro 14, 2007

homenagem: às mães

foto ff
“Nós, gente do povo, sentimos tudo, mas não sabemos nos exprimir; temos vergonha, porque compreendemos, mas não sabemos dizer o que compreendemos. E muitas vezes, por causa desse embaraço, revoltamo-nos contra os nossos pensamentos. A vida bate-nos, tortura-nos de todas as maneiras e feitios, queremos descansar, mas os pensamentos não nos largam.” máximo gorki "A Mãe"



... às nossas mães:

Lisete – mãe da sil, sempre me exige o esforço de não troçar a sonoridade do seu nome pelo da sogra, mas a sua generosidade é inconfundível

Maria – mãe da fipa, nome de mulher que vejo quase só quando me dão ‘ataques’ de “Mau Feitio”.

Helena – mãe de anab, que me delicia com o seu sereno sorriso ao observar-me a comer uma super sandes no Samambaia,

Natália – mãe do paul, que ainda não tive o prazer de conhecer mas adivinho generosa e simpática.

Bela – mãe da sus, de quem lembro aquele olhar de gato dócil e os cabelos de fogo a esvoaçarem no seu spitfire.

Isabel – mãe do cav, que recordo nos seus movimentos de dançarina esvoaçante.

Cacilda – mãe do fern, dela sempre recordo os cabelos grisalhos acompanhados de um sorriso de sabedoria de vida.

Adelina – mãe do Davi, que visualizo no seu vaivém de progenitora a cuidar dos seus pequenos e grandes para manter um ninho apetecíve.l


Emília – minha mãe, de quem a sil diz recordar-se do nome por causa do Sitio do Pica-Pau Amarelo, e eu afirmo (a pés juntos) ser a melhor de todas – naquela sua energia infinda e silencio selectivo de quem sabe verborreizar alegrias e calar segredos tumulares, sorriso doce e olhar húmido (alegria do orgulho e tristeza do sofrimento daqueles que ama); cachos prateados revelando a riqueza de ser ondulada, bela, enternecedora e determinada.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

passado na tv

Séries que povoaram o imaginário, alimentaram a imaginação e construíram sonhos:

Heidi – olaré, laré, qui-cu…qui-cu…avozinho diz-me tu….! Vou cantar com minha voz de cana rachada para outro lado, vou chatear outros…mas sim, com ela subi os Alpes Suíços, apascentei cabras e cabrinhas, colhi flores e rodopiei num baloiço suspenso nas nuvens mais brancas que o céu pôde colher. Com ela todos nos apaixonámos por aquele Ansião de barbas brancas e maneiras rudes e crescemos com vontade de visitar a Suiça para ouvir as montanhas cantarem seus cânticos (quem já cumpriu a visita????).



La Main Rouge – seria sangue ou ketchup? Aposto que era mercúrio cromo ou uma tinta viscosa. Sim eram fascinantes aqueles mistérios dos retalhos anatómicos, um Frankenstein moderno que veio agora a ser substituído pelas séries policiais altamente tecnologizadas e esteticamente recheadas de modelos com caras de bons e maus disfarçados de mais-ou-menos de quem não temos a certeza sobre a sua natureza de vitimas ou de criminosos. A única certeza é de que cara de modelo não é de mau, assim podemos descansar quando estivermos no meio de gente muito ‘bela’, em desfiles e afins, mas o mesmo não podemos dizer caminhando nas ruas de qualquer cidade onde abundam os rostos mais-ou-menos que podem desferir-nos um qualquer golpe mortal (ou quase).



Os Pequenos Vagabundos – será que não passavam de grande idiotas julgando-se engenhosos e fantasiando estar a descobrir e perseguir ‘monstros’ perversos que talvez não passassem de moinhos de vento ou outras edificações circulares mais comuns no sul de França? Hã…mas o Jean-Loup e o seu ar de menino rico corajoso…e o louro de olhos azuises com o seu chapéu à cowboy pronto a defender qualquer mademoiselle em perigo…e os maus com a suas caras nada disfarçadas (via-se logo quem eram os maus, pelas caras de maus inconfundíveis, ainda hoje eu olho a TV e vejo os seus sucessores) a serem esmagadas contra paredes ou pedras robustas, pelos nosso heróis apaixonados pela cachopa de olhos verdes, ou seriam azuises?, que fulminava qualquer um que a fixasse mais do que uns segundos…ainda hoje me perco nos sons da banda sonora.





Acrescenta aqui aquelas séries que te ‘pelarias’ para ver…

série room

série room

segunda-feira, janeiro 01, 2007

primeiro dia...

...há dias, como este, em que me sinto como se (...)