quinta-feira, janeiro 26, 2006


fotos de ff

Sempre que a pressentia voltava aquela sensação incómoda que o dividia: algo que o impelia a aproximar-se para lhe olhar nos olhos e descobrir segredos; algo que o impelia a fugir para não ler nos olhos dela as dúvidas que o atormentavam.

Ela parecia ser feita de outro material, reger-se por regras próprias e que ele receava desconhecer, este desconhecido assustava-o, como quase todos os desconhecidos.
O seu estado de ser natural de procurar o conhecimento do mundo ampliava a sua vozinha interior que lhe dizia: “Ouve-a, aprende a ler a sua língua, conhecerás segredos inimaginados!”. Mas uma outra voz, mais forte e autoritária (que aparecia sempre que lidava com o desconhecido), dizia: “Afasta-te! Nos seus olhos vais ver reflectidos os teus horrores mais secretos!”.

Atormentava-se com esta guerra interior que o consumia.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

ir embora


fotos de ff

Como não pensar em ir embora, quando nos vejo:
- a ser presididos por um Sr. firme e hirto que mais parece uma produção robótica para uma feira de novos inventores com velhas ideias,
- a ser liderados por alguém cujo sorriso me recorda o cachopo matreiro dos anos 80 com quem qualquer cachopa ficava sempre em apuros,
- dependentes de indivíduos com poderes decisivos sobre a vida e a morte da tantos de nós que estamos nas mãos de poderosos ‘artistas’ da saúde, que até trapezismo fazem para se demarcarem como pretensas figuras divinas (num narcisismo de auto-importância que ai encontra uma saciação de intensidade bulímica),
- ouvir atentamente profissionais que pregam a moralidade quando deveriam ser os libertadores dos grilhões que nos atolam numa espécie de subexistência,
- dizer amen a detentores da palavra que a usam como instrumento de evangelização obscurantista?

Como não pensar em ir embora quando tenho raízes num distrito que é a vergonha das opções políticas fascizoídes, que nos colocam no submundo do que é o sentido de um mundo civilizado (pois... roupas bonitas, carros velozes, cartões gold e sapatos de pele italiana não dão intelecto, muito menos são sinónimo de capacidade cognitiva e menos ainda de solidariedade e afecto)?

Como não pensar em ir embora quando tudo isto me nauseia até quase ficar inanimada?
Todo o meu corpo se retesa, todo a minha fácies se enoja.
Estou farta de conviver pacificamente com estes outros seres, ditos da mesma espécie.

Quero ir-me embora.

Vou-me embora!

domingo, janeiro 22, 2006

21 e 22 de Janeiro


fotos de ff

“(...)
Não dormiu toda a noite. Uma turbulência de ideias desencontradas agitava-a. Havia dentro dela alguma cousa explosiva que rebentava, que se dilatava com uma volume maior que o do seu cérebro e do seu coração.
Tinha projectos, predilecções, vaidades. Iria comer petisqueiras de truz na frescura dos retiros, sob parreiras verdes, enquanto, na encosta, lavadeiras batem roupa. Teria vestidos azuis, de merino, ricos lenços de seda com ramos, uma sombrinha e anéis, alguma coisa como uma opulência.
A tia Palma não a reconheceria tão liró, feito uma rainha de Nantes, com botas de biqueira. E mirava-se no espelho, embevecida, desvanecimento pelintra, a admiração de si mesma. Surpreendia-se a murmurar baixinho- O meu João. O meu João está na oficina. O jantar do meu João. Em o meu João vindo. O meu João saiu. – e orgulhava-se: ter um homem, ter um amigo…
(...)”
Imaginário Assírio & Alvim, 2006

mutismo verbal


fotos de ff

Continuo neste mutismo verbal.
Enquanto tal vou roubando palavras dos outros para povoar o meu imaginário e o desta tomografia...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

natal...é quando um homem ou uma mulher quiser


fotos de ff

Mail de uma amiga que está a viver em Inglaterra, escrito dias depois de ter voltado para a sua morada anglo-saxónica após os intensos festejos natalícios transmontanos


Será que já alguém pensou que os enfeites de Natal podem ser um assunto de conversa interminável??Pois eu hoje, durante os 10 minutos que separam a minha casa do meu trabalho, apercebi-me que sim, que uma conversa sobre enfeites de Natal "tem pano para mangas"!
O que me levou a pensar nisto foi o Ben ontem ter falado que aqui se diz que dá azar ter os enfeites de Natal depois do dia 6 de Janeiro (será que também se pensa assim em Pt e eu estou completamente fora??).

Então, depois deste "ingrediente" para a minha cabeça começar a germinar ideias, eu pensei:O Azar realmente não tem mais nada que fazer do que andar de casa-em-casa a ver quem ainda tem os enfeites de Natal; estou mesmo a imaginar o tipo (o Azar, imagino-o masculino) com malas e bagagens a andar pelo mundo todo a verificar cada casa!E se o tipo calha ser como aqueles policias que passam multas de estacionamento e não perdoam?"Ora bem, mais uma multinha: dia 7 de Janeiro de 2006, 0h05min. Esta já cá canta e escusam de vir com conversa de que foi dia dos Reis e que a malta andou a cantar as Janeiras e que não deram conta das horas. Tiveram tempo suficiente para tirar os enfeites e como sempre deixaram para a última da hora. A lei é para se cumprir!"

E a ser verdade que o Azar anda mesmo de casa-em-casa, então ou o tipo é como o Super-Homem ou então demora uma eternidade a verificar as casas de todo o mundo.E a ser a segunda hipótese (não quero por em questão se o Super-Homem existe ou não), se pensarmos no trajecto da viagem, imaginemos então que começa no continente Americano e dá a volta ao mundo no sentido dos ponteiros do relógio e do Sul para o Norte: quando chegar aqui, ao local do meu pensamento, se calhar já passou quase um ano e já estaremos outra vez no Natal!! E então eu não apanho multa! :) :) :) - epa, há malta sortuda ;)

Mas ainda outra questão se levantou no meu pensamento naquele percurso (e, para ser justa, devo dizer que as ideias só começaram a surgir a meio do caminho por isso só pensei no assunto nos últimos 5 minutos):E será que o Azar, ao chegar a cada continente, pais, cidade, etc., terá de se actualizar quanto aos costumes de cada lugar?
1) Se assim for, então como fará no caso dos emigrantes que enfeitam as suas casas de acordo com o seu pais-natal? O tipo pode ficar um pouco baralhado e tirar conclusões precipitadas e dai surgirem danos irreparáveis!!
2) E, se assim não for, então como fará para distinguir uma coisa que num país é usada como enfeite de Natal e noutro seja usada como um objecto decorativo? Grande dor-de-cabeça!!
Mas ainda há mais:

E se o Azar chega a uma casa onde existem enfeites de dois países diferentes? (imaginemos uma chinesa casada com um africano - certamente os costumes serão diferentes) Então só "multa" a 'nacionalidade' que lhe parecer mais natalícia relativamente ao pais em que vivem?Não me parece justo...

Bem, se calhar também não e' justo fazer as pessoas perderem tempo a lerem os meus pensamentos, quando poderiam estar a tirar os enfeites antes que a "verificação" chegue!! ;)

Eu não estou muito preocupada, não creio que a verificação chegue antes do próximo Natal, por isso só vou tirar os meus postais de Natal da minha janela quando achar que já não combinam com a estação :)

Ah, e já agora:
Feliz Natal!!
Então o Natal não é quando uma pessoa quer??!! E por consequência o dia dos Reis também :)” Sissa Bento

quinta-feira, janeiro 19, 2006

dedicatória...


fotos de ff


"Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás"

POEMA cantado por Ney Matogrosso

sábado, janeiro 14, 2006

hoje...não sei


fotos de ff

...era uma vez...um menino que perdeu o sorriso

sexta-feira, janeiro 13, 2006

13 de Janeiro


fotos de ff

"O dia nasce e não veio com a realidade. É ainda simplesmente
Dia sobre a chávena de café que tudo invade a partir da mesa
Onde a pousou. Estranhamente, aquele negro quente apazigua.
Cheira a multidão que se esfria numa só pessoa, a homem que
A visita com regularidade. O liquido desce até à borra. É o momento
Em que a campainha da porta se vai ouvir, mas não lhe invejo
A realidade que lhe toca."

Maria Gabriela Llansol in O Começo de um Livro É Precioso

Ofereceram-me um Imaginário, com este em cada dia do ano tenho uma expressão artística que me acompanha. Hoje fui presenteada com este extracto que acima reproduzo e que dedico a uma pessoa que está no meu coração e que neste dia está de parabéns.

domingo, janeiro 01, 2006

2005...







fotos de ff

era uma vez...uma cavalinho alado que quebrou as asas

2005...


fotos de ff

era uma vez...a mata de Vale de Canas