
Eram três, três cigarros dos fininhos porque eram mais elegantes, elas fumaram-nos como quem se dá um prazer especial e cúmplice antes do confronto, uma com a dor sentida nos neurónios massacrados e no couro cabeludo cansado e relaxado, as outras duas na dor sentida de ver a amiga a ser despida da sua moldura social e estética... uma a uma cada pilosidade do seu couro cabeludo foi parar ao chão, aquele chão que tantos ampara na sua derradeira separação, eles no chão abandonados, as lágrimas a espreitarem, os olhos a brilharem de dor pela perda, os cantos do rosto tensos como quem segura o amor próprio para que ele não se despenhe naquele chão maculado de dor.
Ainda neste dia é outro dia, outro início, outro hábito, outro sonhar, como tantos outros inicios de tantos outros dias com que foi premiada, dias pejados do imprevisivel que trouxe tantas vezes o pior do esperado. Como que se lhe colou esperar o pior, mas sem o aceitar, sem deixar que seja dono de sua vida, essa é a luta de cada um dos seus dias, de cada seu acordar, intervalada com o resvalar do choro de quem não entende, de quem não percebe o sentido do que não tem sentido
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