sexta-feira, fevereiro 23, 2007
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
não ... Yes
Por mais agradável ou curioso que fosse a diversidade de paisagens com o seu colorido popular ou urbano ou monocromatismo do deserto, não me convenceu o enleado de argumentos, nem as suas personagens injectadas de incidentes possíveis numa orquestração de cronologias e encadeamentos aparentemente inevitáveis (como as peças do dominó montadas de forma a que assim que a primeira caísse todas as outras se lhe seguiam de forma sequente e consequente, sem alternativas que não fosse retirar alguma peça da sequência) para um exercitar de maquinação de factos (muito dejá vú – recordo o brilhantismo com que este surge no filme Magnólia 1999) equivalente a quem brinca de ser um Deus que controla os destinos, que pode ser visualizada em Babel.
Assim, para além de nos deixar na tensão do desenrolar de acontecimentos que nos deixam mobilizados pela sua dramaticidade ou tragédia mediáticas, a mim só me deixou de facto de olhar preso e incomodado a jovem japonesa que ostentava uma conturbação muito bem interpretada nas suas tentativas desesperadas de aliviar um sofrimento existente para além dos seus alegados motivos. Só ela me convenceu no seu olhar perdido, que buscava encontrar-se das formas mais impulsivas e do que é básico no humano, onde a sexualidade desponta de forma incómoda (sendo até muito ridícula e imprecisamente chamada de ninfomaníaca por algum critico da praça pública), provocatória e como acto quase último de uma solidão que vai para além das paredes de um trigésimo andar e da possível metáfora na característica surda-muda da jovem; uma solidão urbana que remete para as impossibilidades dos diálogos narcísicos (tomando a forma de monólogos) que compõem as nossas sociedades tecnologicamente cada vez mais desenvolvidas e facilitadoras de um mutismo individual que colide com o ruído/verborreia social.

Para quem busca um filme que tenha dramaticidade cultural e socio-política (envolvendo questões intercruzadas de uma americana no Reino Unido, passando pelo Líbano e culminando num recomeço em Cuba), com uma boa tridimensionalidade das personagens onde surge a poesia não lamechas, com uma expressão de quotidiano que encontra e lhe dá um sentido (quase como uma abordagem daquilo que é primário e o enaltecimento e sofisticação daquilo que é simples encontrada no “The Meaning of Life” dos Monty Python’s), e que nos dá um belíssimo tom na existência das personagens silenciosas: busquem nos vossos videoclubes, o filme “Yes” de Sally Potter (2004).




Assim, para além de nos deixar na tensão do desenrolar de acontecimentos que nos deixam mobilizados pela sua dramaticidade ou tragédia mediáticas, a mim só me deixou de facto de olhar preso e incomodado a jovem japonesa que ostentava uma conturbação muito bem interpretada nas suas tentativas desesperadas de aliviar um sofrimento existente para além dos seus alegados motivos. Só ela me convenceu no seu olhar perdido, que buscava encontrar-se das formas mais impulsivas e do que é básico no humano, onde a sexualidade desponta de forma incómoda (sendo até muito ridícula e imprecisamente chamada de ninfomaníaca por algum critico da praça pública), provocatória e como acto quase último de uma solidão que vai para além das paredes de um trigésimo andar e da possível metáfora na característica surda-muda da jovem; uma solidão urbana que remete para as impossibilidades dos diálogos narcísicos (tomando a forma de monólogos) que compõem as nossas sociedades tecnologicamente cada vez mais desenvolvidas e facilitadoras de um mutismo individual que colide com o ruído/verborreia social.


Para quem busca um filme que tenha dramaticidade cultural e socio-política (envolvendo questões intercruzadas de uma americana no Reino Unido, passando pelo Líbano e culminando num recomeço em Cuba), com uma boa tridimensionalidade das personagens onde surge a poesia não lamechas, com uma expressão de quotidiano que encontra e lhe dá um sentido (quase como uma abordagem daquilo que é primário e o enaltecimento e sofisticação daquilo que é simples encontrada no “The Meaning of Life” dos Monty Python’s), e que nos dá um belíssimo tom na existência das personagens silenciosas: busquem nos vossos videoclubes, o filme “Yes” de Sally Potter (2004).




Etiquetas: cinema
segunda-feira, fevereiro 19, 2007

“Pensava que vender o corpo era cortar partes do corpo e vendê-las!” - disse a rapariga birmanesa vendida para prostituição na Tailândia
Etiquetas: fatias, prostituição
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
domingo, fevereiro 11, 2007
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
para L

Ela deslizava ondulante, brindando-nos com o frufru dos seus folhos delicados, que lhe acariciavam a suave tez das coxas delineadas pelo extenuante exercício de ser mulher, num contexto onde não basta ter olhos bonitos, gestos suaves e coração meigo.
Ela era uma inspiração para se ser por fora o que nos imana de dentro, sem rodeios nem máscaras, sem ‘faz de conta que sou…’, nem vãs palavras soltas que se perdem nas frequências dos lugares públicos em overloaded.
Ela era a pureza de ser mulher na essência da opção de vestir, mover, falar aquilo que outros/as têm de ser por imposição genital, que parece ter protocolo genito-socio-religioso, no qual o visado não tem qualquer poder de decisão.
Ela renova-me a aprendizagem de ser gente.
Ela faz-me sentir vergonha dos queixumes caprichosos.
Ela, como tantos outros que se vão cruzando na minha existência, faz-me ver a gratitude das bênções que me são ofertadas.
Obrigada L por contribuíres para mais um enriquecimento da existência, quebrando enquadramentos floreados e castradores da riqueza da expressividade humana.
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
A face e a voz são a forma, que é, de longe, mais importante para a sociedade do que o conteúdo

"(...)
E, é claro, o problema pôs-se: que balneário iria eu usar? Expliquei as coisas à secretária, da maneira mais simples que consegui, quando ninguém estava perto o que chegasse para ouvir. Pois, era realmente um problema. Nunca aceitaria ficar no dos Homens, e nem eles me aceitariam lá. Sou uma coisa entre os sexos. Algum peito, ancas, e genitália masculina. Qual seria a reacção, quando me vissem no duche? No das Mulheres, claro que quereria. Mas qual seria a reacção delas, quando me vissem no duche? Nenhum dos sexos me quereria no seu balneário. O problema nem era a vontade, boa ou má, da secretária, ou da administração, era a d@s clientes.
Acabei por ficar sem balneário. É um privilégio que não tenho. Depois de todas as sessões no ginásio, suada, ansiosa por um duche, não posso entrar num balneário, para tomar banho, ou sequer mudar de roupa. Vou para casa com as roupas ensopadas no meu próprio suor. A pé, meia-hora. No Inverno, o frio gela o suor, e sofro até casa.
(...)" L (Mortos Para A Sociedade – II)
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
morte civil

"(...).E era ainda mais apaixonadamente contra a morte civil, um conceito peculiar que precedia a execução em si.
(...)a vítima entrava imediatamente em estado de morte civil. Deixava de poder comprar, vender, trocar, ou de outra forma administrar a sua propriedade, que era imediatamente repartida entre @s herdeir@s. Não podia celebrar contratos, não podia trabalhar, nem ser remunerad@. Todos os direitos civis eram-lhe retirados, e ele/a passava a pouco mais que um objecto.
(...)
O autor argumentava, nos capítulos finais do livro, e ao longo de muitas páginas, contra a morte civil: por ser cruel, desumana, ilógica e inútil.
(...)Mas, na prática, a morte civil nunca chegou a ser abolida. Sobreviveu à pena de morte, e é aplicada, em Portugal, ainda hoje, em 2007." escrito por L