Ser feminista. Admito que, nos dias de hoje é um rótulo que me causa algum prurido. As marcas das minhas unhas grassam pelos meus braços mas, que Diabo, não posso conter-me perante tamanhas alarvidades que ainda subsistem. Não basta a uma pessoa, frequentemente, ter que defender (ou camuflar) perante outrem determinadas premissas que se afastam das comungadas por uma maioria e as quais lhe permitem (ou permitiriam) um maior bem-estar (desde que não prejudicando intencionalmente terceiros – e excluo destes terceiros os fetos por motivos a que noutra ocasião, chamarei à questão). Não basta ter que defender opções de vida, opiniões, trabalhos,etc., e ainda temos que defender a nossa integridade, o nosso valor enquanto indivíduos com redobrado esforço só porque somos mulheres? Mulheres. Sim. Muitas de nós fantásticas, fabulosas, empreendedoras, criativas. Mulheres (em muitos casos, com muitíssimo gosto) mas em primeiro lugar SERES HUMANOS!
A Declaração Universal dos Direitos Humanos proclamada pela ONU em 1948 refere logo no seu artigo Artigo 2° que “Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação”. Também a Constituição da República Portuguesa expressa no seu artigo 13º algo semelhante.
Teoricamente, a sociedade actual assume a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, mas será assim na prática? Apesar das muitas conquistas, há ainda um longo caminho a percorrer. Alguns exemplos: o
INE publicou alguns indicadores referentes ao ano de 2004 que indicam que, em Portugal, a percentagem de homens nos quadros superiores da administração pública e nas empresas é mais elevada que a das mulheres, além de existir uma diferença salarial desfavorável às mulheres em média, cerca de 9%. Por outro lado, num estudo sobre a duração médias das actividades da população portuguesa, divulgado pela mesma instituição em 2000 verificamos que o tempo cedido aos cuidados pessoais e ao estudo ou trabalho não difere significativamente entre os homens e as mulheres, porém no que concerne aos trabalhos domésticos e à família as mulheres empregam em média 3h57m diárias e os homens 54 minutos. Há aqui alguém sobrecarregado!...
Depois, noutras questões, como na do aborto, só se remetem as culpas para a mulher. Enfim. Feminismo. Depois de tantos anos de em defesa da igualdade de género já não devia ser necessário invocá-lo! Bem, vou reforçar o meu stock de Bepanthene. Há que sarar as arranhadelas porque próximas virão.