domingo, junho 24, 2007

UNOBUNTU

“Um Amor em África”, é o título que não entendi adaptado para Português de um filme com o título original Country of My Skull (também apelidado de In My Country), realizado por John Boorman, em 2004, baseado na obra do escritor Sul Africano Antjie Krog.
Mas entendi algo que me impressionou profundamente: a presença e actuação dentro do conceito africano UNOBUNTU – designando a pessoa generosa e compassiva, a compaixão e o perdão, dentro da justiça africana, termo ligado ao termo UBUNTU – a significar que estamos todos ligados, o que afecta um afecta o outro e a toda a gente.
Mais claramente como diz Archibishop Desmond Tutu:

"A person with ubuntu is welcoming, hospitable, warm and generous, willing to share. Such people are open and available to others, willing to be vulnerable, affirming of others, do not feel threatened that others are able and good, for they have a proper self-assurance that comes from knowing that they belong in a greater whole. They know that they are humiliated, diminished when others are oppressed, diminished when others are treated as if they were less than who they are. The quality of ubuntu gives people resilience, enabling them to survive and emerge still human despite all efforts to dehumanize them.
You know when ubuntu is there, and it is obvious when it is absent. It has to do with what it means to be truly human, to know that you are bound up with others in the bundle of life...When we Africans want to give high praise to someone, we say, 'Yu, unobuntu': 'Hey, so-and-so has ubuntu.' A person is a person because he recognizes others as persons."


E Nelson Mandela:





Conceitos extremados na temática desse filme de forma extremamente tocante e inspiradora, face a situações trágicas, fenómenos de perversão e mediocridade humana (quase) incompreensíveis. O frente a frente de vítimas ou familiares de vítimas falecidas do Apartheid, com o seu vitimador, numa confissão detalhada do horror vivido na 1ª pessoa e do horror perpetrado também na 1ª pessoa, na presença da Truth and Reconciliation Commission, permite ao protagonista do horror ser amnistiado, assim como diminuir ou aliviar raivas e culpas. Isto manifesta-nos de facto um nível humano elevado e louvável, que aconteceu e nos ensina muito sobre o perdão, sobre a capacidade de aceitar o outro limitado e sobre o acreditar na mudança. Obviamente que este entusiasmo não nos torna assim tão ingénuos ao ponto de pensar que todos os frente a frente ocorridos foram autênticos no seu pretenso arrependimento e não só no desejo de perdão legalizado, mas decerto que alguns o foram e que alguns foram surpreendidos pelo efeito do confronto e de serem perdoados pelas suas vitimas. Para além disso há o efeito e ensinamento que nos abalroa enquanto público, espectador e aparentemente inofensivos europeus com a nossa degradação e desrespeito de vida urbana aparentemente civilizada.
Estereótipos à parte, situações e interpretações cinematográficas utilizadas para funcionar enquanto filme mais comercializável postas de lado, aqui interessa-nos essencialmente a temática pós-mandeliana, com intervenções a repetir incansavelmente, o que o torna num filme a ver,, especificamente pela inspiração UNOBUNTU.

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quinta-feira, junho 14, 2007

ali fiquei extasiada

foto retirada de Pequenos Cantores


O menino tinha o olhar ofegante de tanto a contemplar incansavelmente, de repente vislumbrou-se, num instante mágico e irrepetível, aquela pequena e brilhante forma que logo pareceu ser um anjo que se lhe desprendia do olhar com a doçura de quem está para sempre ligado na estória de se ser.
O seu anjo único, insubstituível e indispensável percebeu que já havia armazenado no seu menino pós de pirilimpimpim suficientes para que ele começasse a voar sozinho na sua aventura de abrir caixas mágicas. Assim este anjo pode iniciar a viagem dos anjos que lhes acrescenta as asas para poderem vir a segurar nos seus protegidos quando desfalecem, quando sucumbem ou quando jubilam.
E o menino continuou, por um tempo sem fim, a contemplar incansavelmente ofegante todas as surpresas que cada caixinha mágica lhe oferecia

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quarta-feira, junho 13, 2007

gosto

foto ff

Gosto de Saramago, pronto, gosto…está dito!
Gosto porque sim.
Não porque se disse isto ou aquilo dele, por que este ou aqueloutro escreveu sobre ele (do que sinceramente pouco ouvi, li ou assisti).
Não gosto mais ou menos dele do que de outros, simplesmente por que li menos deles ou porque os li com boa ou má disposição, ou porque sou esta e não aquela.
Sou esta que ao lê-lo se vê encomendada para uma anamnese de cores, forma, cheiros e sons que também lhe povoaram a infância, se vê cúmplice de primores infantis e juvenis de cuidados nas afirmações sobre verdades mutantes e metamorfoseadas; de raciocínios lógicos que assaltam dogmas religiosos e culturais de forma incontrolável porque não fazem sentido, dentro de um outro sentido que se instala nos meandros neuronais como um visitante que vem para ficar sem data de partida, fazendo redemoinhos, loupings, cambalhotas, reviravoltas, flick e flacks, mortais de frente e detrás, em relação a muito daquilo que é dito, feito, escrito pelos que me rodeavam e ainda rodeiam; de fantasias que não coincidentes têm dentro de si a mesma paixão, a mesma ternura e aquele entusiasmo de quem sorve cada sopro de brisa, cada palavra lida ou falada, para depois analisar como um cirurgião com um bisturi, por que faz parte desse todo que se quer conquistar que é a natureza, onde a conquista de si mesmo é inevitavelmente latente.
Gosto sem pretensões nem comparações, porque ele foi dotado da capacidade de com a simplicidade falar sobre o que se nos assume como complexo e emaranhado, porque é memória com vertigens, porque é fantasia em litigio, porque é sonho/desejo e medo em conflito, o que dentro de mim fica difícil de esmiuçar, de pintar com letras ou sons.
Gosto pela simplicidade
Gosto pela generosidade da partilha do seu sentir
Gosto porque me faz sentir mais próxima de mim, porque me permite ser autenticamente eu própria.
Gosto.


(palavras que se me soltaram durante a leitura de "As Pequenas Memórias" do autor, oferecido no Natal pela minha querida mana)

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segunda-feira, junho 11, 2007

foto ff

Aproximo-me devagar para não a assustar, assim que me encontrei mais próxima, com alguma doçura na voz e tensão contida, perguntei: Que fazes? Com movimentos que pareciam conter toda a harmonia do mundo, ela olhou-me no olhos, mergulhando na doçura de um entardecer dizendo: Lavo o Amor, claro! Olho-a estupefacta…o amor…ali, naquela terra árida, num ermo recôndito, onde um friozinho percorria todos os movimentos de forma inevitável. Mas…como…é possível?!? Com a desenvoltura de quem sabe a verdade desde a origem dos tempos ela responde-me: Enrodilha-se sempre nos sítios mais difíceis…eu e ele estamos sempre no jogo do ‘gato e do rato’ quando temos de refrescar-nos e retirar as impurezas que os dias vão acumulando! E é aqui que ele se esconde? Pergunto-lhe, curiosa e atónita. Não sei, tem muitas artimanhas, tenho de ter paciência e estar atenta para o encontrar no elemento ou na molécula mais pequena que aqui habita! Diz ela. E costumas conseguir encontrá-lo? Demora muito tempo? Insisto eu. Depende, às vezes sou eu que o encontro, outras é ele que me encontra a mim!

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sexta-feira, junho 08, 2007

pão, leite ou manteiga???




para não perdermos tempo e passarmos logo às torradas, tostas e pão caseiro

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